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Todo o Dinheiro do Mundo: a história real do homem mais rico do mundo

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Todo o Dinheiro do Mundo: filme dirigido por Ridley Scott A MÍDIA TRABALHA COM FATOS, MAS O CINEMA É TERRITÓRIO PARA O DRAMA! Certa vez li uma entrevista com um grande diretor – não lembro qual – onde perguntaram sobre em que pé estava seu próximo filme. – Está pronto – respondeu, para depois emendar: – Agora só falta filmar! Ao ler essa frase de efeito, compreendi que os filmes são construções mentais, que nascem, crescem, amadurecem e despontam para a vida nas cabeças dos seus realizadores. E por tabela, descobri também porquê os cineastas são chamados de realizadores – incluindo na categoria os produtores, que viabilizam os filmes! Lembrei-me dessa história quando parti para pesquisar sobre Todo o Dinheiro do Mundo , produção de 2017 dirigida por Ridley Scott. O diretor é um realizador irrequieto, que salta de projeto em projeto com grande avidez, para felicidade dos cinéfilos de plantão. Porém, ao contrário do que faz na maioria dos seus filmes, nesse ele não se envolveu durante

Simonal: a cinebiografia de Wilson Simonal

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Simonal: filme dirigido por Leonardo Domingues SÓ ESQUECERAM DE MOSTRAR O CANTOR ALEGRE E CARISMÁTICO Lembro com saudosismo do astro Wilson Simonal. Sua música era contagiante, com letras fáceis e um balanço alegre, que irradiava brasilidade. Ouvi-lo no rádio, ou dar de cara com ele nos programas de auditório da TV, era sempre uma festa. Ao pronunciar seu nome, a palavra que me vêm à mente é alegria.           – Mas foi justamente essa palavra que ficou faltando no filme – exclamou Ludy com certa indignação, enquanto fazíamos nossa caminhada no parque.          Tive que concordar. Simonal , dirigido em 2018 por Leonardo Domingues, nesse sentido, foi uma decepção!  Caprichar no repertório não foi o suficiente para resgatar a alegria e o carisma daquele que se destacou como um dos maiores nomes do show business brasileiro.          Durante todo o trajeto da nossa caminhada, m inha mulher continuou a conversa. Lembrou dos tempos de criança, quando ouvia no rádio

Boyhood: da Infância à Juventude: quanto tempo bem aproveitado!

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Boyhood: o diretor Rchard Linklater filmou por 12 anos COMO NA VIDA, A PASSAGEM DO TEMPO SIMPLESMENTE ACONTECE Ao invés de rodar um drama sensível e envolvente, Richard Linklater poderia ter se contentado em realizar um documentário com vocação para estudo acadêmico. Mas não! Manteve a determinação de produzir uma obra com relevância artística. Boyhood: da Infância à Juventude , seu filme de 2014 exigiu paciência, domínio das técnicas narrativas, muita sensibilidade e maturidade para lidar com os percalços da vida.           O diretor Richard Linklater levou 12 anos captando as imagens que usaria em seu filme, para contar a história de Mason, um garoto de seis anos criado por pais separados, ao longo se sua trajetória entre a infância e a ju8ventude, até ingressar na faculdade, aos 18 anos. O projeto cinematográfico foi bem idealizado e realizado com método e paciência: a cada ano, a equipe de filmagem se reunia com os atores por três ou quatro dias, para ajustar o roteiro

Nossas Noites: filme reúne Jane Fonda e Robert Redford

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Nossas Noites: filme dirigido por Ritesh Batra  AH, A BELEZA DA MATURIDADE! Não são dois octogenários quaisquer. Trata-se de Jane Fonda e Robert Redford, astros do primeiro time de Hollywood. A presença deles é razão de sobra para assistir ao filme Nossas Noites , de 2017, dirigido por Ritesh Batra. Na medida em que embarcamos na história, encontramos outros bons motivos: o ritmo apropriado da narrativa, a densidade dos personagens, a objetividade do roteiro, a delicadeza e a ternura empregadas no tratamento do tema... Nesse filme, há muita gente madura, na frente e por trás das câmeras!           Sim, para apreciar Nossas Noites o espectador terá que trazer na bagagem alguma dose de maturidade, ou pelo menos já ter refletido sobre a vida na terceira idade. Um adolescente achará o filme chato e arrastado, já que conta a história de dois viúvos solitários, que decidem iniciar um relacionamento. A iniciativa parte dela, num ímpeto de atrevimento e ousadia. Ambos passam a dividir a cama

Koyaanisqatsi: uma obra de arte audiovisual

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Koyaanisqatsi: filme dirigido por Godfrey Reggio  UMA ESTÉTICA REPETIDA À EXAUSTÃO, QUE AINDA ASSIM CONTINUA MODERNA Belíssimas imagens em movimento, sincronizadas com uma música minimalista e hipnótica. Essa receita virou estrogonofe cinematográfico: é requintada, lida com uma certa complexidade de sabores e exige atenção no preparo, mas há muito deixou de ser prato principal em cardápios com pretensões sofisticadas. Quando foi inventada, no entanto, irradiava inovação e originalidade. A primeira vez em que pudemos degustá-la foi em 1982, quando o diretor americano Godfrey Reggio lançou Koyaanisqatsi: Life Out of Balance .           Mesmo quem ainda não assistiu a essa obra instigante, conhece seu legado estético. Hoje, até os diretores de comerciais de bebida se atrevem a lançar mão do cacoete moderno que o filme consagrou, abusando das imagens urbanas capturadas à noite em time lapse – cenas filmadas quadro a quadro em longos intervalos de tempo, de modo a parecerem aceleradas quand

Roubando a cena, literalmente

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TODOS NOS ACHAMOS CRÍTICOS DE CINEMA - E SOMOS MESMO!     Cinema: não se trata apenas de gostar ou não gostar Texto escrito originalmente para o site Pllano Geral                Escrever sobre cinema é parecido com pisar em ovos. É possível atravessar o desafio, mas algumas claras e gemas terminarão espalhadas. Nestes poucos meses em que me impus a obrigação de escrever uma crônica por semana, sempre comentando sobre algum filme relevante, percebi que é impossível agradar a todos. Ao contrário, o mais provável é acabar desagradando a muitos.             Isso acontece por um motivo básico: todo mundo entende de cinema. Esse é um fato inquestionável. Desde que nascemos – e até mesmo antes, na barriga da mãe – somos submetidos a incontáveis filmes, desenhos, seriados, programas de televisão, reality shows, noticiários... Criancinhas, somos alfabetizados na linguagem audiovisual e aprendemos como funcionam os planos e os diálogos em uma cena. Entendemos quando o personagem está imer

Contatos Imediatos do Terceiro Grau: Spielberg seguiu a classificação dos ufólogos

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Contatos Imediatos do Terceiro Grau: filme dirigido por Steven Spielberg UM FILME QUE PERMANECE EM PERFEITO ESTADO DE FUNCIONAMENTO Há filmes que envelhecem com dignidade. O visual denuncia a data de nascimento, mas o conteúdo é de um frescor empolgante. Incluo nessa categoria  Contatos Imediatos do Terceiro Grau , realizado em 1977 por Steven Spielberg. Quem já assistiu ao filme, experimente lembrar das cenas iniciais – quem ainda não viu, pode conferi-las na cópia remasterizada lançada recentemente. São imagens que comprovam o imenso talento do diretor como contador de histórias: primeiro, vemos surgir de uma tempestade de areia no deserto de Sonora, uma esquadrilha inteira de caças da Segunda Guerra Mundial em perfeito estado de conservação, com seus pilotos que aparentam não ter envelhecido um único dia nos últimos 30 e poucos anos. Depois, vemos controladores de tráfego aéreo numa sala entulhada de equipamentos, desconcertados com o registro de um fenômeno não identificado que qua

O Irlandês: o DNA é de cinemão!

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O Irlandês: filme dirigido por Martin Scorsese O MAGNETISMO DOS ATORES COMPENSA O MAU-CARATISMO DOS PERSONAGENS Histórias sobre gângsteres são sempre violentas. Geralmente falam de personagens torpes, com sérios desvios de caráter. Invariavelmente narram trajetórias de ascensão e queda em busca de dinheiro e poder. Falam de traições, de rompantes passionais, de ambição desmedida... Curiosamente, histórias sobre gângsteres acabam centradas nos valores morais. Sim! Os criminosos que se organizam em gangues o fazem ao redor de estritos códigos de ética – ainda que uma ética enviesada, agarrada aos interesses mesquinhos de criminosos poderosos. Apesar de abjetas, algumas dessas histórias são tão surpreendentes que merecem ser contadas em filme. Mas quando seus personagens são asquerosos, o que faz um diretor criativo? Aposta tudo no carisma dos atores que vão interpretá-los! É isso que vemos no filme  O Irlandês , filme de 2019 dirigido por Martin Scorsese.           O filme nos traz a his

Sem Limites: fantasia sobre a droga da inteligência

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Sem limites: filme dirigido por Neil Burger UMA BOA IDEIA CONTADA COM ESTILO E HABILIDADE PARA ENTRETER Pensar mais rápido, lembrar de tudo o que já leu na vida, aprender qualquer coisa em segundos... Quem não sonha em ter o superpoder da inteligência? Esse é o tema fascinante desfiado em  Sem Limites , filme de 2011 dirigido por Neil Burger. Trata-se de um filme de ação acima da média e seu trunfo está no roteiro escrito pela experiente Leslie Dixon. Ela criou um script repleto de oportunidades para que o espectador imagine o que faria no lugar do personagem. Suas armações para escapar das enrascadas, que se acumulam em série, ganham credibilidade na direção segura de Neil Burger.           O filme conta a história de Eddie Morra (Bradley Cooper), um pretenso escritor, deprimido e desleixado com a vida, que topa com uma poderosa droga capaz de amplificar sua capacidade intelectual. De comprimido em comprimido, ele vai se tornando um gênio em qualquer assunto que desperte seu intere

Um Homem de Sorte: adaptação competente de um Nobel de Literatura

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Um Homem de Sorte: filme dirigido por Bille August UM DIRETOR COMPETENTE, CRIANDO FORA DOS PADRÕES DE HOLLYWOOD –  Ah, já vi esse filme! É aquele do soldado que encontra a foto de uma garota e quando volta da guerra sai à procura dela...          –  Não, não! Esse tem o mesmo título, mas é um outro homem de sorte. Foi realizado na Dinamarca.          –  E pode isso? Dois filmes com o mesmo nome?         A pergunta de Ludy foi pertinente, mas não encontrei uma resposta apropriada. Apenas dei de ombros. Em poucos minutos estávamos, minha mulher e eu, assistindo ao filme dinamarquês Um Homem de Sorte , com os olhos tão fixos na tela que esquecemos o assunto do título. E ficamos, minha mulher e eu, tão concentrados que sequer vimos passar suas 2 horas e 47 minutos de duração.         Escrito, dirigido e estrelado por gente desconhecida para nós, brasileiros, Um Homem de Sorte impressiona. Primeiro, pelo espetáculo visual que proporciona. Retratando a Dinamarca do final do século XIX, a

Nasce Uma Estrela: já são cinco versões!

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Nasce Um Estrela: direção de Frank Pierson RECEITA DE SUCESSO, QUE JÁ RENDEU CINCO VERSÕES Já faz tempo que a palavra sucesso vaga pelas nossas falas e conversas, rondando feito assombração. Sibila provocações, atiçando as almas ambiciosas e aquelas em busca de reconhecimento. Sopra insinuações, para nos fazer acreditar que só há êxito verdadeiro quando os aplausos são ensurdecedores, quando os “likes” se contam aos milhões, quando nossos feitos alcançam multidões. Foi quando passou a andar abraçado com a fama que o sucesso deixou de ter escala individual. Ganhou dimensão coletiva, medida em cifras. Sem fama, não há sucesso. Sucesso é a escada que leva à fama!           Para muitos, sucesso e fama se tornaram objetivos de vida. Há dois caminhos para alcançá-los, o mais difícil é seguir pelo trabalho duro, obstinado e disciplinado. O mais fácil – e também o menos acessível – é encontrar um atalho, geralmente proporcionado por um patrocinador. O primeiro caminho é pavimentado pelo mérit

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