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A Vida de Brian: Monty Python mostra o lado bom da vida

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A Vida de Brian: filme dirigido por Terry Jones OS MARUJOS INGLESES PREFEREM OLHAR A VIDA SEMPRE PELO LADO BOM Só me dei conta da existência do grupo inglês Monty Python no começo dos anos 1980, quando entrei numa sala de cinema por acaso. Não fazia ideia do que encontraria pela frente. Comprei o ingresso porque gostei do cartaz e da possibilidade de assistir a uma comédia despretensiosa. Contei pouco mais de dez pessoas na plateia – lembro bem, era uma tarde de quarta-feira e tinha saído mais cedo do trabalho. Quando começou a projeção de Em Busca do Cálice Sagrado , minha vida se transformou. Jamais foi a mesma. Experimentei um choque de diversão! No final, continuei na poltrona e assisti ao filme de novo, na sessão seguinte.           Com o passar dos anos fui descobrindo que a trupe de humoristas ingleses também era culpada por programas de TV, músicas, livros, filmes… O humor anárquico, inteligente e sempre atual que produziram inspirou gente do mundo inteiro e fez escola, inclus

O Pianista: o drama de um artista empenhado em sobreviver

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O Pianista: filme dirigido por Roman Polanski UMA AUTOBIOGRAFIA CRUA E OBJETIVA VIROU UM FILME EMOCIONANTE Ok, admito: O Pianista é um dos meus filmes preferidos. Não tenho ascendência judia, nem guardo reminiscências familiares da Segunda Guerra Mundial. Minha atração pela obra é puramente... cinematográfica. Em comparação com produções mais elaboradas e vistosas, essa é até simples: a narrativa é linear, sem flashbacks ou ações paralelas. Tudo o que vemos nos chega pelos olhos do protagonista. É documental, mas dramatizado. É triste, mas edificante. Cada cena é construída para valorizar o personagem e sua história.         Na primeira vez que assisti ao filme  O Pianista , o fiz com o respeito e a reverência de quem está diante de uma obra-prima. Depois disso, a cada vez que me disponho a revê-lo, sei que não será a última. É uma produção de 2002, mas poderia ser de 2022 ou de 2042! Por ela, Roman Polanski ganhou o Oscar de melhor diretor, Adrien Brody o de melhor ator e Ronald H

Napoleão: projeto ambicioso de Stanley Kubrick, jamais realizado

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O cineasta Stanley Kubrick LAMENTAVELMENTE, NENHUM DE NÓS SERÁ CAPAZ DE ASSISTIR A ESSE FILME  Quem gosta de cinema tem o hábito de pesquisar sobre os filmes, colecionando informações de bastidores, curiosidades e detalhes que ajudem a formar opinião. O motivo é simples: precisamos saber o que nos faz amar ou odiar uma produção e reunir argumentos para defender nossos pontos de vista, porque cinema e polêmica são feitos praticamente da mesma matéria!         Passo menos tempo pesquisando do que gost aria, afinal, além de manter a Crônica de Cinema, tenho que atender os clientes que demandam meus serviços de criação e redação publicitária e pagam meus boletos no final do mês. Mas quando sobra tempo, fico garimpando a internet na busca de preciosidades. Atualmente, um dos meus temas preferidos – praticamente um objeto de estudo – é Stanley Kubrick. Já assisti a praticamente todos os seus filmes.         Há, porém, um filme desse diretor que gostaria muito de assistir, mas nunca poder

Fahrenheit 451: autoritarismo buscando o controle da informação

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Fharenheit 451: filme dirigido por François Truffaut UMA OBRA DISTÓPICA NA FILMOGRAFIA DE TRUFFAUT Vejam só, houve época em que Fahrenheit 451 , filme de 1966 dirigido por François Truffaut, era exibido na televisão. Não falo da TV por Assinatura, hoje reforçada pelos serviços de streaming. Refiro-me à velha TV aberta dos anos 70, que reservava os horários noturnos para produções menos populares. O enredo me perturbou: num mundo futurista, onde a realidade era invertida, bombeiros incendiários queimavam livros ao invés de combater o fogo, enquanto as pessoas perdiam tempo hipnotizadas diante da TV – o mesmo aparelho por meio do qual eu estava assistindo a Fahrenheit 451 . Lembro de ter pensado:           –  Isso é bobagem! O livro jamais vai desaparecer. Como poderia ser substituído pela televisão, um meio tão... desprovido de profundidade!           Mas a tela de TV à qual Ray Bradbury se referia em seu romance publicado em 1953 guardava poucas semelhanças com as telas de computadores

A Teoria de Tudo: uma cinebiografia de Stephen Hawking

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A Teoria de Tudo: filme dirigido por James Marsh NO UNIVERSO DO CINEMA, A ORIGEM DE TUDO ESTÁ NUM ROTEIRO BEM COSTURADO           De todos os candidatos a popstar, o mais improvável seria um físico acadêmico, condenado à cadeira de rodas pela esclerose lateral amiotrófica. Mas Stephen Hawking venceu todas as barreiras, como nos conta A Teoria de Tudo , filme de 2014 dirigido por James Marsh. Inspirado no livro de memórias de Jane Hawking, Travelling to Infinity: My Life with Stephen , o filme começou a nascer na mente do roteirista Anthony McCarten e ganhou corpo na medida em que foi recebendo o engajamento de gente muito talentosa.           A Teoria de Tudo é uma cinebiografia do físico que ocupou a cadeira de Isaac Newton na Universidade de Cambridge e foi responsável por descobertas a respeito dos buracos negros. Somos apresentados a ele já nos tempos de estudante e vamos acompanhando sua trajetória acadêmica. Testemunhamos sua história de amor com Jane e o progressivo flagelo da

Hanna: uma garota transformada em máquina de guerra

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Hanna: filme dirigido por Joe Wright EM BUSCA DA PRÓPRIA IDENTIDADE Realizado em 2011 sob a direção de Joe Wright – cineasta que depois dirigiu O Destino de Uma Nação e A Mulher na Janela – o filme Hanna é um thriller eletrizante, com sequências de ação de tirar o fôlego. Mas é preciso que se diga: foi construído sobre uma base emocional consistente, revelando uma personagem carismática, que ainda não compreende como deve se inserir no mundo – em certos momentos, prefere moldá-lo às suas necessidades. No entanto, é difícil acompanhar a história da protagonista sem enxergar nela a contraparte feminina de Jason Bourne, o agente secreto invencível dos filmes de ação, posto em permanente perseguição da própria identidade.           O filme nos conta a história de Hanna Heller (Saoirse Ronan), uma garota de 15 anos que vive isolada com o pai, Erik (Eric Bana), nos gelados confins da Finlândia. Lá ela passa por uma rotina de treinamento de sobrevivência e preparação militar, até se tornar

A Invenção de Hugo Cabret: um filme sobre a invenção do cinema

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A Invenção de Hugo Cabret: dirigido por Martin Scorsese MAIS DO QUE INOVAÇÃO TÉCNICA, A INVENÇÃO DO CINEMA EXIGIU ARTE! Em 2011, Martin Scorsese realizou sua primeira produção em 3D, e ela se voltou para  o público infantil. Trata-se do filme A Invenção de Hugo Cabret . Belíssimo, é uma homenagem ao cinema e aos visionários que o inventaram. Combina uma fotografia deslumbrante com efeitos especiais magníficos, direção de arte de encher os olhos e uma excelente trilha sonora. Baseado no livro best-seller de Brian Selznick, The Invention of Hugo Cabret , narra uma história de mistério e funciona, ao mesmo tempo, como um romance de aventura – ainda que um tanto sombrio.           A história se passa em 1930. Acompanhamos o drama de Hugo Cabret (Asa Butterfield), um garoto de 12 anos que vive escondido entre as engrenagens do relógio da estação ferroviária de Montparnasse, em Paris. Órfão de um relojoeiro apaixonado por cinema, que lhe deixou de herança um autômato inacabado – uma engenhoc

Ray: narrativa afiada e talento legítimo, num dos melhores musicais já realizados

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Ray: filme dirigido por Taylor Hackford O QUE É PRECISO PARA INTERPRETAR UM GÊNIO DA MÚSICA? SER UM BOM MÚSICO! Poucos artistas no mundo da música ganharam uma cinebiografia tão bela e bem realizada quanto Ray Charles. Em Ray , filme independente de 2004 escrito, dirigido e produzido por Taylor Hackford, a carreira do músico é dramatizada com notável sensibilidade artística e competência técnica. Os méritos, em primeiro lugar, são do diretor, que lutou por 15 anos para conseguir financiar seu projeto, já que todos os estúdios se recusaram a fazê-lo. A ideia parecia mais talhada para a televisão e a indústria achava difícil fazê-lo chegar às telas dos cinemas.           Hackford apostou na qualidade narrativa de sua história, pois ela alcança não apenas os fãs de Ray Charles, mas também o público em geral, que desconhece alguns detalhes surpreendentes sobre a vida do artista. De fato, o que acompanhamos em Ray são dramas e personagens mais comumente encontrados nas obras de ficção. O d

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