O Palhaço: sublimando a crise existencial
O Palhaço: filme dirigido por Selton Mello SE HÁ ALGUM MOTIVO PARA FAZER CINEMA, É PARA REALIZAR BONS FILMES COMO ESSE – Esse negócio de crise existencial é palhaçada – diria meu pai, emendando algum comentário politicamente incorreto sobre ter mais o que fazer ao invés de ficar ouvindo nhenhenhém de gente afrescalhada. Conhecendo o senso de humor dele, é claro daria um desconto. Esse era apenas o seu jeito de mostrar que preferia manter a mente ocupada com as demandas práticas da vida a remoer assuntos filosóficos. Não puxei ao meu pai. Filosofar e divagar são hábitos que trago desde que fui alfabetizado. Nesses momentos, nós, os sonhadores, ficamos vulneráveis ao assalto das dúvidas. Pior, levamos as dúvidas conosco e esbarramos nelas quando temos que tomar decisões cruciais: trocar o emprego estável e sufocante por uma aposta empreendedora, tornar-se coadjuvante no sonho de quem se ama para continuar seguindo juntos, assumir o fato de que as crianças já estão todas criadas