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Mostrando postagens de maio, 2020

Estrelas Além do Tempo: elas tiveram papel importante nas conquistas da NASA

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Estrelas Além do Tempo: filme dirigido por Theodore Melfi PARA CONQUISTAR O ESPAÇO, TIVERAM QUE SUPERAR AS BARREIRAS DA INTOLERÂNCIA Ser um garotinho durante os anos áureos da corrida espacial foi divertido. Meu imaginário estava repleto de heróis autênticos, de carne e osso. Ao invés dos capitães Kirks e dos Senhores Spocks, confinados na telinha em branco e preto na sala de estar, os astronautas da NASA habitavam os jornais, as revistas e os noticiários – que era onde a realidade dava de lavada na ficção científica! Armstrong, Aldrin, Collins... Além de conhecer a vida dos personagens, sabia tudo sobre o enredo: foguete em três estágios, módulo de comando, módulo de pouso, dificuldades do acoplamento, ponto cego durante as órbitas na Lua... Tudo envolto numa atmosfera de vitória e superação. A conquista da Lua foi vivida em tempo real, como uma epopeia repleta de atos de coragem. Rendeu material suficiente para muitos filmes empolgantes.           Algumas...

Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida

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Indiana Jones: filme de Steven Spielberg DOSES EXATAS DE AÇÃO E EXPOSIÇÃO Há mais de 40 anos, em 1981, fui ao cinema num domingo à tarde em busca de distração. Em cartaz, Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida , uma produção lançada com pompa e estrondo, referendada por duas grifes populares: Steven Spielberg e Harrison Ford, o primeiro na direção e o segundo a exibir seu carisma na frente das câmeras. Terminado o filme, não tive dúvidas: permaneci na poltrona para acompanhar a sessão seguinte. Tinha que examinar aquela avalanche de cinema com mais cuidado.           Aventura, fantasia, mistério e muita ação desenfreada, numa história envolvente, protagonizada por um herói infalível e capaz das proezas mais improváveis. Foi um lançamento arrebatador! Mas falar do sucesso de Indiana Jones é desnecessário. Prefiro lembrar aqui do impacto que senti ao ser apresentado pela primeira vez ao personagem. Você também deve se lembrar da cena: no meio da selva ...

A Chegada: os aliens querem nos ensinar os significados da linguagem

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A Chegada: filme dirigido por Denis Villeneuve ELES QUEREM EXPANDIR NOSSOS CONCEITOS DE LINGUAGEM Realizado em 2016 pelo diretor Denis Villeneuve, o filme A Chegada é denso, repleto de significados e exige atenção por parte do espectador. É uma obra estimulante, que vai além dos temas humanistas, para enveredar por questões quase... espirituais. Para explicar esse ponto, precisarei contar sobre as reuniões do  grupo de estudos sobre espiritismo,  que Ludy e eu frequentávamos semanalmente.  Na verdade, não sou espírita. Participava apenas com a intenção de provocar, polemizar e aprender. Lembro que numa das discussões entrei de sola e especulei sobre a linguagem:         – Ora, se os espíritos não possuem trato vocal, não podem se comunicar em nosso idioma. E se o fazem por pensamento, então não precisam estruturar o discurso de forma narrativa, com começo meio e fim! A língua deles deve ser uma doideira...         Minha mulher me...

Cidade de Deus: dramatizando um compilado de histórias verdadeiras

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Cidade de Deus: filme dirigido por Fernando Meirelles UMA BOA HISTÓRIA, CONTADA POR UM BOM NARRADOR Quando comecei a frequentar as salas de cinema, no fim dos anos 1970, filmes brasileiros não tinham boa reputação. Não me refiro às pornochanchadas que infestavam os “pulgueiros” no centro da cidade. Até mesmo as produções mais caprichadas, como Dona Flor e Seus Dois Maridos , Lúcio Flávio e Pixote , desanimavam alguns frequentadores e o motivo era prosaico: a qualidade do som!           – O que foi que ele disse? – perguntava um mais surdinho.           – Sei lá... Acho que tá precisando ir ao banheiro!           – Shhhhhhhhh – chiavam todos da plateia que tentavam prestar atenção.           Havia entre os cinéfilos um debate acalorado sobre porquê era difícil entender as linhas de diálogo recitadas pelos atores em filmes brasileiros. Muitos juravam que os equipamentos...

A Caça: vítima da mentira ele vira animal perseguido

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A Caça: filme dirigido por Thomas Vinterberg SÓ O ESPECTADOR SABE O TAMANHO DESSA INJUSTIÇA Logo no começo de A Caça , filme de 2012 dirigido por Thomas Vinterberg, o espectador vira testemunha ocular dos fatos e entende a verdade incontestável: o professor Lucas é inocente da acusação de abusar sexualmente de uma garotinha. Não encosta um dedo nela, não faz insinuações, não dá margens a ilações... Mas os únicos que sabem disso são Lucas e o espectador. Ninguém mais! A partir daí, só nos resta assistir atônitos à escalada de ódio que assola o mundo ao redor, enquanto o professor tenta inutilmente se defender. Esta produção dinamarquesa/sueca é de deixar com os nervos à flor da pele!           O protagonista Lucas (Mads Mikkelsen) é professor do jardim de infância em uma pequena cidade. Recém-divorciado, tenta fortalecer seu relacionamento com o filho adolescente, mas vive integrado à pequena comunidade e às tradições locais em torno dos grupos de caça. Tod...

Florence: Quem é Essa Mulher?: filme sobre a pior cantora do mundo

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Florence: Quem é Essa Mulher?: filme dirigido por Stephen Frears, com roteiro de Nicholas Martin SOBRA TALENTO, SENSIBILIDADE E PAIXÃO PELA MÚSICA Quem é, afinal, a pior cantora do mundo? Jogada ao vento, essa pergunta por certo suscitará respostas desencontradas. Detratores de todos os gêneros musicais encontrarão candidatas à altura – ou à baixura – para descer o sarrafo. Preferências pessoais, inclinações políticas, fundamentos culturais... Todos lançarão mão de pretextos e justificativas para listar as desqualificações de cada aspirante ao título. No final, a grande vencedora – ou derrotada – do concurso ficará reduzida à sua desimportância. Por que – haja paciência! – alguém estaria interessado em apontar o dedo para a pior cantora, ao invés de enaltecer a melhor? Só mesmo por motivos... anedóticos!           Quando decidi assistir a esse filme sobre “a pior cantora do mundo”, trouxe comigo essa penca de preocupações. Temia que o roteiro ficasse só na...

Sonhos: Kurosawa apresenta seu filme mais cativante

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Sonhos: filme de Akira Kurosawa UMA CONVERSA INDIVIDUAL COM CADA ESPECTADOR Filmes são como espelhos. Refletem a vida real, ainda que às vezes as imagens cheguem distorcidas, manipuladas e ordenadas segundo alguma lógica peculiar. Filmes nos falam por meio de metáforas e nos alcançam com símbolos e arquétipos. São projeções que nos confrontam com nossas emoções, nossos desejos, nossas frustrações... Filmes dialogam com nosso inconsciente. Também poderíamos chamá-los de... sonhos!           Desde os seus primórdios, a função onírica do cinema ficou clara. A linguagem que os teóricos estabeleceram, guarda similaridade com a linguagem dos sonhos – trazida como herança do teatro, do circo, dos espetáculos operísticos... Os cineastas sempre compreenderam tal relação e se esbaldaram com a possibilidade de trazer para as telas os misteriosos eventos que nos visitam enquanto dormimos. Mas foi Akira Kurosawa quem realizou um filme intitulado Sonhos ! Lançado em 1990...

Todo o Dinheiro do Mundo: a história real do homem mais rico do mundo

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Todo o Dinheiro do Mundo: filme dirigido por Ridley Scott A MÍDIA TRABALHA COM FATOS, O CINEMA, COM O DRAMA! Certa vez li uma entrevista com um grande diretor – não lembro qual – onde perguntaram sobre em que pé estava seu próximo filme. – Está pronto – respondeu, para depois emendar: – Agora só falta filmar! Ao ler essa frase de efeito, compreendi que os filmes são construções mentais. Nascem, crescem, amadurecem e despontam para a vida nas cabeças dos seus realizadores. A partir desse insight, entendi também porquê os cineastas são chamados de realizadores – incluo nessa categoria os produtores, que viabilizam os filmes!           Lembrei-me dessa história quando parti para pesquisar sobre Todo o Dinheiro do Mundo , produção de 2017 dirigida por Ridley Scott. O diretor é um realizador irrequieto, que salta de projeto em projeto com grande avidez, para felicidade dos cinéfilos. Porém, ao contrário do que faz na maioria dos seus filmes, nesse ele não se ...

Simonal: a cinebiografia de Wilson Simonal

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Simonal: filme dirigido por Leonardo Domingues SÓ ESQUECERAM DE MOSTRAR O CANTOR ALEGRE E CARISMÁTICO Lembro com saudosismo do astro Wilson Simonal. Sua música era contagiante, com letras fáceis e um balanço alegre, que irradiava brasilidade. Ouvir seus sucessos no rádio, ou dar de cara com o cantor nos programas de auditório transmitidos pel a TV, era sempre uma festa. Ao pronunciar seu nome, a palavra que me vêm à mente é alegria.           – Mas foi justamente essa palavra que faltou no filme – exclamou Ludy com certa indignação, enquanto fazíamos nossa caminhada no parque.          Tive que concordar. Simonal , dirigido em 2018 por Leonardo Domingues, nesse sentido, foi uma decepção!  Caprichar no repertório não foi o suficiente para resgatar a alegria e o carisma daquele que se destacou como um dos maiores nomes do show business brasileiro.          Durante todo o trajeto ...

Boyhood: da Infância à Juventude: quanto tempo bem aproveitado!

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Boyhood: o diretor Rchard Linklater filmou por 12 anos COMO NA VIDA, A PASSAGEM DO TEMPO SIMPLESMENTE ACONTECE Ao invés de rodar um drama sensível e envolvente, Richard Linklater poderia ter se contentado em realizar um documentário com vocação para estudo acadêmico. Mas não! Manteve a determinação de produzir uma obra com relevância artística. Boyhood: da Infância à Juventude , seu filme de 2014, exigiu paciência, domínio das técnicas narrativas, muita sensibilidade e maturidade para lidar com os percalços da vida.           Richard Linklater levou 12 anos para captar as imagens que usaria em seu filme, onde conta a história de Mason, um garoto de seis anos criado por pais separados, ao longo se sua trajetória entre a infância e a juventude, até ingressar na faculdade, aos 18 anos. O projeto cinematográfico foi bem idealizado e realizado com método e paciência: a cada ano, a equipe de filmagem se reunia com os atores por três ou quatro dias, para a...

Nossas Noites: filme reúne Jane Fonda e Robert Redford

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Nossas Noites: filme dirigido por Ritesh Batra  AH, A BELEZA DA MATURIDADE! Outro dia ouvi alguém se gabar de que as pessoas que hoje estão com 60 anos estariam no mesmo nível de vigor e produtividade que os tais quarentões dos anos 1970. Exagero? Aposto que não. O aumento da expectativa de vida é uma realidade estatística, percebida especialmente nos números da previdência estatal. Estamos todos envelhecendo, mas sem perder o posto de consumidores em potencial. Os da terceira idade, por certo, estão em menor número, mas têm renda suficiente para despertar o interesse de todo tipo de empresas e empreendedores – em especial das farmácias e fabricantes de medicamentos!           Ironias à parte, vejo que o cinema também está de olho nesta importante fatia do público. É claro que os filmes para crianças, adolescentes e jovens adultos ocupam o maior espaço nas salas de exibição e nos serviços de streaming – alguns são tão infantilizados que afugentam aque...

Koyaanisqatsi: uma obra de arte audiovisual

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Koyaanisqatsi: filme dirigido por Godfrey Reggio  UMA ESTÉTICA REPETIDA À EXAUSTÃO, QUE AINDA ASSIM CONTINUA MODERNA Belíssimas imagens em movimento, sincronizadas com uma música minimalista e hipnótica. Essa receita virou estrogonofe cinematográfico: é requintada, lida com uma certa complexidade de sabores e exige atenção no preparo, mas há muito deixou de ser prato principal em cardápios com pretensões sofisticadas. Logo que foi inventada, no entanto, irradiava inovação e originalidade. A primeira vez em que pudemos degustá-la foi em 1982, quando o diretor americano Godfrey Reggio lançou Koyaanisqatsi: Life Out of Balance .           Mesmo quem ainda não assistiu a essa obra instigante, conhece seu legado estético. Hoje, até os diretores de comerciais de bebida se atrevem a lançar mão do cacoete moderno que o filme consagrou. Abusam das imagens urbanas capturadas à noite em time lapse – cenas filmadas quadro a quadro em longos intervalos de tempo, de...

Roubando a cena, literalmente

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TODOS NOS ACHAMOS CRÍTICOS DE CINEMA - E SOMOS MESMO!     Cinema: não se trata apenas de gostar ou não gostar Texto escrito originalmente para o site Pllano Geral                Escrever sobre cinema é parecido com pisar em ovos. É possível atravessar o desafio, mas algumas claras e gemas terminarão espalhadas. Nestes poucos meses em que me impus a obrigação de escrever uma crônica por semana, sempre comentando sobre algum filme relevante, percebi que é impossível agradar a todos. Ao contrário, o mais provável é acabar desagradando a muitos.             Isso acontece por um motivo básico: todo mundo entende de cinema. Esse é um fato inquestionável. Desde que nascemos – e até mesmo antes, na barriga da mãe – somos submetidos a incontáveis filmes, desenhos, seriados, programas de televisão, reality shows, noticiários... Criancinhas, somos alfabetizados na linguagem audiovisual e aprendemos como funciona...

Contatos Imediatos do Terceiro Grau: Spielberg seguiu a classificação dos ufólogos

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Contatos Imediatos do Terceiro Grau: filme dirigido por Steven Spielberg UM FILME QUE PERMANECE EM PERFEITO ESTADO DE FUNCIONAMENTO Há filmes que envelhecem com dignidade. O visual denuncia a data de nascimento, mas o conteúdo é de um frescor empolgante. Incluo nessa categoria  Contatos Imediatos do Terceiro Grau , realizado em 1977 por Steven Spielberg. Quem já assistiu ao filme, experimente lembrar das cenas iniciais – quem ainda não viu, pode conferi-las na cópia remasterizada lançada recentemente. São imagens que comprovam o imenso talento do diretor como contador de histórias:          P rimeiro, vemos surgir de uma tempestade de areia no deserto de Sonora, uma esquadrilha inteira de caças da Segunda Guerra Mundial novos em folha, com seus pilotos que aparentam não ter envelhecido um único dia nos últimos 30 e poucos anos. Depois, vemos controladores de tráfego aéreo numa sala entulhada de equipamentos, desconcertados com o registro de um fenômeno não ...

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