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Mostrando postagens de 2022

Bravura Indômita: um remake fiel ao romance original

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Bravura Indômita: direção de Joel e Ethan Coen UMA HISTÓRIA AMERICANA POR EXCELÊNCIA Minha geração não viveu a intensidade do mito John Wayne. Meu pai era fã dele e gostava de rever seus filmes na TV, velhos faroestes em preto-e-branco que não me atraiam. Cresci sem jamais ter assistido a qualquer um deles – no máximo conferi uma ou outra cena, aqui e ali, só para me irritar com a dublagem antiquada, a trilha sonora fora de moda e a encenação excessivamente teatral. Minha geração já estava sintonizada com outros mitos e ninguém poderia me convencer a sentar numa poltrona para assistir a um faroeste estrelado por John Wayne. A não ser, é claro, os irmãos Coen!           Quando assisti ao remake de Bravura Indômita , realizado por eles em 2010, não tive escolha. Precisei conferir o original, para compreender o que os ousados Joel e Ethan Coen andaram aprontando e de que forma impuseram a sua visão pessoal daquela história. Confesso que fiquei desconcertado. Percebi que a nova versão segu

Confira as 10 crônicas mais lidas em 2022

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Em 2022 a Crônica de Cinema teve 148 mil visualizações de página, com uma média de 2 mil usuários ativos todo mês. Em 2023, continuarei investigando os filmes e suas histórias, para dividir com os cinéfilos a paixão pela sétima arte. Um feliz ano novo a todos e que a paz, a saúde e a prosperidade venham em formato de longa-metragem! Confira as dez crônicas mais lidas em 2022! 1 - O Impossível Filme de catástrofe realista, contando com autenticidade emocional a história real da família de María Belón. Clique para ler a crônica    2 - O Expresso da Meia-Noite Alan Parker filmou um roteiro de Oliver Stone, mas exagerou os horrores da prisão turca. Clique para ler a crônica 3 - O Despertar de uma Paixão Uma história de amor às avessas, que deixa muitas reflexões no final, quando cai o véu de ilusão. Clique para ler a crônica    4 - Menina de Ouro A triste história de Maggie Fitzgerald rendeu um dos melhores filmes de Clint Eastwood. Mas ela é real?  Clique para ler a crônica    5 – Amis

O Último Imperador: um dos filmes mais premiados da história do cinema

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O Último Imperador: direção de Bernardo Bertolucci UMA BIOGRAFIA SUNTUOSA, COM JEITO DE FAKE NEWS Localizada no centro de Pequim, a Cidade Proibida foi, por quase quinhentos anos, a residência oficial do imperador chinês. Ocupava mais de 720 mil metros quadrados e era cercada por um rígido sistema de segurança. Apenas o imperador, sua família e seus servos domésticos tinham acesso ao local. Qualquer incauto que fosse pego sem autorização, era sumariamente executado. Só a realeza podia usufruir de tão extraordinária suntuosidade e contemplar o seu legado arquitetônico. A plebe tinha que se contentar com a periferia. Hoje, o palácio é um museu aberto à visitação e o conjunto se tornou uma das principais atrações turísticas da China, mas só recentemente os ocidentais tiveram acesso à grandiosidade da Cidade Proibida. Foi quando o cineasta Bernardo Bertolucci conseguiu autorização do Partido Comunista Chinês para usá-la como locação, durante a produção do seu filme O Último Imperador , rea

Filmes de super-heróis: armadilha para prender adultos numa dimensão adolescente

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Os Vingadores: exemplo de filme de super-heróis O QUE HÁ DE ERRADO COM ESSE TIPO DE FILME? Nada! Filmes de super-heróis são criativos e divertidos. Impulsionam as técnicas cinematográficas e o uso da computação gráfica. Promovem avanços na linguagem audiovisual, ao exigir um refinamento na edição de sons e imagens. Como produto da cultura popular, são um primor. Combinam ação e aventura com design e marketing, para expandir a narrativa e a experiência sensorial para além do cinema, alcançando os videogames, os brinquedos, o mercado editorial, a indústria da música... O grande problema nesse tipo de filme está na plateia. Se você tem doze, quatorze, dezesseis anos... está tudo certo. Relaxe e aproveite. Mas se você já está com vinte e cinco, trinta anos... Trate de arrumar uma boa desculpa, caso seja apanhado na fila dos ingressos.           A proliferação dos filmes de super-heróis está ligada ao fenômeno de infantilização da sociedade, facilmente percebido se examinarmos a cultura de

Os Aeronautas: inspirado em fatos, um filme de aventura repleto de dramatizações

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Os Aeronautas: direção de Tom Harper TUDO ACONTECEU ASSIM, MAS NÃO NECESSARIAMENTE NESSA ORDEM Coragem! Valentia! Bravura! A humanidade deve suas grandes conquistas a alguns poucos indivíduos, que tiveram o atrevimento de colocar a vida em risco, sem se deter diante dos perigos. Encontramos aventureiros intrépidos por trás de toda invenção ou descoberta, quase sempre movidos pela ambição de deixar seu nome para a posteridade, ou simplesmente pelo prazer de serem os pioneiros em alguma área do conhecimento. Seja como for, é a história deles que merece ser contada – quem quer saber das infâmias perpetradas pelos covardes? O diretor Tom Harper se deparou com uma das boas, quando leu o livro Falling Upwards: How We Took to the Air , escrito em 2013 pelo historiador militar britânico Richard Holmes. Mas para contá-la no filme Os Aeronautas , que realizou em 2019, ele precisou encontrar as soluções narrativas mais adequadas.           Antes de examinar esse ótimo filme de aventura, precisare

Fargo: personagens fictícios inspirados em eventos reais

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Fargo: direção de Joel Coen EIS QUE ENTRA EM CENA UMA PERSONAGEM ADORÁVEL Ludy ficou interessada em Fargo . Estávamos fuçando no serviço de streaming quando minha mulher reparou na capa com a foto da atriz Frances McDormand e me perguntou que tipo de filme era aquele. Gaguejei para responder:           – Olha... É uma comédia, mas não é filmada exatamente como uma comédia. Tem muito humor, mas é meio sombrio. É baseado em uma história real, mas nem tanto, já que os roteiristas acrescentaram pencas de elementos ficcionais. É um filme violento, mas tem passagens ternas e sutis. É um filme policial americano, mas se passa numa região com jeitão dos países nórdicos...           Depois da enxurrada de conjunções que derramei, ela ficou mais interessada ainda. Apertei o play e nos deliciamos com esse belo filme realizado em 1996 por Joel e Ethan Coen. Fargo é assim mesmo: uma produção que, por irradiar muita originalidade, alçou o nome dos seus criadores entre os principais da indústria do

O Inquilino: um filme sobre a perda da própria identidade

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O Inquilino: direção de Roman Polanski SUSPENSE, TERROR PSICOLÓGICO E SUSTOS MAIS... DURADOUROS Era um garoto de 16 anos quando entrei numa sala de cinema para assistir ao filme O Inquilino , dirigido e estrelado por Roman Polanski em 1976. Saí de lá um garoto de 16 anos... assustado! Estava numa idade marcada pela busca da própria identidade e ainda não sabia ao certo o que fazer com as revoluções transformadoras causadas pela puberdade. Por isso, um filme de suspense e terror psicológico onde o protagonista deixa de se reconhecer no espelho, acabou tendo seus efeitos potencializados sobre este cinéfilo em formação. Voltei no dia seguinte para uma nova sessão, ainda incomodado com a possibilidade devastadora de uma tal paranoia, mas dessa vez tive a sensatez de prestar atenção na obra cinematográfica em si. E que obra! O mestre Polanski, contando com a ajuda de Sven Nykvist, o diretor de fotografia que fez um trabalho impecável em diversos filmes de Ingmar Bergman, consegue um refinam

Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles

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Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles: direção de Jonathan Liebesman DIVERSÃO COSTURADA COM REALISMO, HUMOR E CRIATIVIDADE Este é um filme dirigido por um sul-africano, que fala de alienígenas chegando ao planeta Terra e foi filmado com a câmera no ombro, para conseguir uma atmosfera realista e documental. Mas observe que não se trata de Distrito 9 , a distopia inteligente e original realizada em 2009 por Neill Blomkamp. Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles é uma produção hollywoodiana, dirigida em 2011 por Jonathan Liebesman, outro sul-africano que, para deleite dos amantes de ficção científica, conseguiu seguir os passos do conterrâneo e fundiu dois gêneros capazes de proporcionar ótimas sequências de ação: guerra e invasão alienígena.           Antes de mais nada é preciso que se diga: a origem dos dois diretores não é mera coincidência. Liebesman, é claro, tornou-se admirador do cinema inovador de Blomkamp e foi pedir ajuda a ele quando decidiu entrar na disputa para concor

Belfast: a infância durante os conflitos na Irlanda do Norte

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Belfast: direção de Kenneth Branagh É BELO E LEVE, MAS MANTÉM A DISTÂNCIA EMOCIONAL Kenneth Branagh levou seu nome até o topo da indústria cinematográfica. Ator talentoso, estrelou e dirigiu inúmeras adaptações para o cinema de peças de William Shakespeare e marcou presença em várias séries produzidas para a televisão britânica. Mais recentemente, dirigiu Assassinato no Expresso Oriente , onde interpretou o detetive Hercule Poirot. Também se embrenhou no universo dos super-heróis, assumindo a direção do filme Thor . Com Belfast , que escreveu e dirigiu em 2021, tornou-se o primeiro na história do Óscar a ser indicado para sete categorias diferentes. Um feito notável, que mostra não só a sua versatilidade, mas a sua compreensão abrangente do fazer cinematográfico. É natural, portanto, que seu filme mais autoral e pintado com cores autobiográficas chegasse atiçando as expectativas do púbico e da crítica. Saiu da festa do Óscar com a estatueta de melhor roteiro original e com a aura de te

Vivos: uma história contada com autenticidade e realismo

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Vivos: direção de Frank Marshall SOBREVIVERAM GRAÇAS AO... HEROÍSMO Quando tinha 12 anos, fui confrontado com esta história trágica de sobrevivência, que dominou a mídia por semanas e despertou emoções que ainda não conhecia: uma estranha mistura de compaixão com nojo, já que além de lutar para se manter vivos sob condições inóspitas, os personagens foram obrigados a cometer... canibalismo! Foi em outubro de 1972, quando o avião fretado por um time de rugby de Montevidéu caiu na Cordilheira dos Andes. A maioria sobreviveu à queda, mas as equipes de resgate não conseguiram localizá-los. Com pouquíssimos suprimentos, lutaram para se manter vivos por incríveis 72 dias, alimentando-se dos corpos de seus colegas mortos, preservados na neve. Apenas 16 dos 45 passageiros sobreviveram, graças ao esforço heroico de dois deles, que atravessaram as montanhas numa caminhada de 12 dias até encontrar socorro.           O alcance infantil da minha capacidade de compreensão não me permitiu ir além das

Eram os Deuses Astronautas?: as provas de que já fomos visitados por alienígenas

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Eram os Deuses Astronautas?: direção de Harald Reinl UMA PORTA DE ENTRADA PARA OS... DOCUMENTÁRIOS! Quando o filme Eram os Deuses Astronautas? , realizado em 1970 por Harald Reinl, foi lançado no Brasil, este cinéfilo não passava de um pirralho de 10 ou 11 anos. Fui com meu pai ao cinema e vivi uma experiência inteiramente nova: pela primeira vez assisti a um documentário! Nada de dramatizações em estúdio, de protagonistas heroicos para o quais torcer ou de enredos costurados com pontos de virada, pensados para surpreender no final. O que vi foram cenas reais, irradiando verdade, apresentadas para sustentar um ponto de vista. E que ponto de vista! Baseado no livro escrito em 1968 pelo suíço Erik von Däniken, o filme sugeria que todos os nossos ancestrais, desde as civilizações mais antigas, teriam sido incapazes de concretizar suas grandes conquistas e legados. Na verdade, seus feitos de engenharia teriam sido realizados com a ajuda – ou por autoria direta – de visitantes extraterrestr

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