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Mostrando postagens com o rótulo Ação

Jogador Nº1: ficção científica embriagada de nostalgia

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Jogador N⁰1: direção de Steven Spielberg UM ÉPICO FUTURISTA ENVOLTO EM MELANCOLIA Os cinéfilos costumam reservar seus adjetivos mais suntuosos para a sétima arte: imersiva, simbólica, elevada, envolvente, reflexiva... Mas quem acaba roubando a cena é mesmo a paixão pelos filmes. São eles que guardamos na memória e revisitamos sempre que precisamos fruir algumas doses de regozijo. Geralmente empregamos a palavra filme para nos referir a um longa-metragem, porém, há mais de um século o cinema vem se expressando por meio de outros formatos: curtas, seriados, comerciais de TV, telenovelas, videoclipes, reality shows, histórias em quadrinhos e... videogames. Os cinéfilos também têm olhos para esses outros formatos, afinal, todos empregam linguagens derivadas do cinema. Em todos, o imperativo é a narrativa, mas nos videogames, a interatividade coloca a narrativa nas mãos do jogador!           As últimas gerações testemunharam o crescimento exponencial da indústria dos videogames, cuja receit

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo: nada importa, nem o cinema!

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Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: direção de Daniel Kwan e Daniel Scheinert É SÓ MAIS UM FILME DE SUPER-HERÓIS PROTAGONIZADO POR GENTE COMUM O humor anárquico e absurdo sempre foi um instrumento de demolição, usado sem piedade para estilhaçar o sistema e os poderosos da vez. Nas mãos de cineastas talentosos e criativos, o gênero costumava irradiar críticas para todas as direções, em estilo irônico e mordaz, escrachando zombarias que faziam pensar. Além de escarnecer, usando até mesmo os elementos mais mórbidos e macabros, o objetivo era desconcertar, desmascarar, encabular, tirar o espectador da zona de conforto, o fazendo duvidar das verdades que trazia consigo para a sala de cinema. Infelizmente, aqui, o humor anárquico e absurdo é usado para acomodar, acalmar os ímpetos contestadores, distrair... Em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo , realizado em 2022 por Daniel Kwan e Daniel Scheinert, o maior esforço é para estabelecer três conceitos mentirosos:           Conceito mentiroso 1:

Os Infiltrados: Scorsese finalmente pôs as mãos num Óscar

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Os Infiltrados: direção de Martin Scorsese UMA TRANSPOSIÇÃO CULTURAL E CINEMATOGRÁFICA Conflitos Internos , dirigido em 2002 pela dupla Andrew Lau e Alan Mak foi um estrondoso sucesso em Hong Kong. Filme de ação, bem ao gosto do público asiático, traz aquele tipo de cinema frenético e estilizado, produzido em grande escala para proporcionar entretenimento descartável. Com toques de melodrama, conta a história de dois personagens em lados opostos da lei. Um é policial e se infiltra no crime organizado, para tentar acabar com a festa dos bandidos. O outro foi recrutado pelo crime organizado, para se tornar policial e tentar proteger os interesses dos bandidos. A existência de ambos é descoberta, mas não suas identidades. O jogo que se inicia, então, é aquele de gato e rato, com direito a lances violentos e todo tipo de dissimulações, até que um deles seja desmascarado por primeiro e eliminado.           O ator Brad Pitt se uniu ao produtor Brad Gray e os dois compraram os direitos dessa

Inimigo Íntimo: o último filme de Alan J. Pakula

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Inimigo Íntimo: direção de Alan J. Pakula CINEMA SUFICIENTE PARA COMPORTAR DOIS PROTAGONISTAS O diretor americano Alan J. Pakula realizou uma extensa filmografia, mas é lembrado de imediato por títulos como Todos os Homens do Presidente e A Escolha de Sofia , que alcançaram lugar de destaque entre os grandes filmes de Hollywood. Sua última obra foi Inimigo Íntimo , realizada em 1997, um ano antes da sua morte. Na época do seu lançamento, o filme veio cercado de polêmicas, alimentadas pela mídia em torno de uma suposta guerra de egos travada nos bastidores pelos astros Brad Pitt e Harrison Ford. Se ela aconteceu, evaporou-se em irrelevância, passando despercebida pelos cinéfilos que hoje visitam o filme para fruir seu cinema de qualidade e sua história muito bem contada.           Porém, quero mencionar aqui o embate entre os atores, porque talvez ele tenha contribuído para deixar essa história envolvente ainda mais densa. Os críticos especializados costumam ressaltar as qualidades do

O Jardineiro Fiel: sobram dilemas éticos e morais

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O Jardineiro Fiel: direção de Fernando Meirelles AS BIG PHARMAS JÁ ESTAVAM NA BERLINDA! Dia desses, vasculhando a programação da TV por assinatura, deparei com o filme O Jardineiro Fiel , dirigido em 2005 por Fernando Meirelles. Atinei que havia assistido a esse filme uma única vez, à época do seu lançamento. Lembrava da trama e dos seus personagens, mas os detalhes narrativos já haviam me escapado. Que grande oportunidade! Revisitar um filme de qualidade e experimentar a mesma sensação de frescor do primeiro encontro é uma dádiva! Apertei o play e, lá pelo segundo ato, levei um susto!           – É sério? Quinze anos antes da epidemia do COVID19? – exclamei depois de fazer as contas.           Naquela época o filme já estava denunciando as tramoias entre a indústria farmacêutica e agentes estatais corruptos, para vender quantidades planetárias de vacinas e medicamentos sem um controle seguro dos seus efeitos colaterais e com margens de lucro obscenas. Com tamanho potencial explosivo,

Jurassic Park - Parque dos Dinossauros

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Jurassic Park: direção de Steven Spielberg ANTES DE TUDO, UMA FAÇANHA NARRATIVA! Desde que a palavra "dinosauria" foi inventada pelo cientista britânico Richard Owen, em 1842, os lagartos terríveis que dominaram a Terra há milhões de anos voltaram à vida no imaginário popular. O cinema, valendo-se de toscas animações em stop motion, onde bonecos são fotografados quadro a quadro para simular movimento, tratou de materializá-los em sua gigantesca monstruosidade. Mas foi em Jurassic Park - Parque dos Dinossauros , filme de 1993 dirigido por Steven Spielberg, que eles ressuscitaram, numa façanha ousada e lucrativa, que entrou para a história da sétima arte.           Há exatos 30 anos, cinéfilos do mundo todo se deliciaram com imagens de um realismo inédito, geradas por meio da computação gráfica. Tal técnica revolucionária acabou ganhando relevância aos olhos da plateia, a ponto de se tornar, ela mesma, uma presença marcante no filme. A partir dali não haveria limites para a ous

Tropa de Elite: cinema de alto impacto

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Tropa de Elite: direção de José Padilha CINEMA NACIONAL VIVO E PULSANTE Comentar sobre o filme brasileiro mais comentado de todos os tempos é uma ousadia, já que corro o risco de cair em redundância. Graças aos fãs incondicionais e detratores enraivecidos que o filme conquistou, Tropa de Elite , dirigido em 2007 por José Padilha, já foi dissecado à exaustão na mídia tradicional e na Internet. Entretanto, a visão individual de cada cinéfilo sempre traz perspectivas novas para o debate. Deixe-me apresentar a minha, para ajudar a manter a fogueira acesa.           Quando entramos na sala de exibição para assistir a Tropa de Elite , Ludy e eu não trazíamos informações antecipadas sobre o filme. Minha mulher, porque não tinha interesse no tema e só estava lá para usufruir de algum entretenimento. Quanto a mim, tentava não me contaminar por opiniões e pré-julgamentos, mas temia me deparar com uma reles apropriação oportunista da estética apresentada por Cidade de Deus . Saímos ambos surpreso

Mente Criminosa: pacote completo com ação, ficção científica, espionagem e suspense

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Mente Criminosa: direção de Ariel Vromen ROTEIRO BEM COSTURADO E UM ELENCO CARISMÁTICO Com perdão do pleonasmo, gosto de definir os enredos de filmes de ação como peças cinematográficas por excelência. Quero com isso dizer que, em geral, não são adaptações de romances, história em quadrinhos ou videogames. São criados para as telas e formatados a partir do uso otimizado da linguagem audiovisual. Normalmente, o gênero não abre espaço para investigações aprofundadas sobre o mundo interno dos personagens. O que interessa são as decisões que eles tomam, quase sempre sob pressão de forças externas urgentes. Filmes de ação não demandam longas cenas expositivas, nem subtramas costuradas com apuro. Basta a boa e velha narrativa linear e a escolha dos melhores pontos de vista para expor a ação – normalmente o assumido pelo protagonista heroico ou pelo antagonista abjeto. Mente Criminosa , dirigido em 2016 pelo israelense Ariel Vromen, é um filme de ação, mas recebeu alguns “upgrades” extraídos

A Viatura: respiramos a mesma atmosfera dos westerns spaghetti

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A Viatura: filme dirigido por Jon Watts UM CONTO CRIADO PARA AS TELAS, FILMADO COM NATURALIDADE Procurar um filme para assistir no serviço de streaming é uma atividade arriscada. Por mais que os algoritmos se esforcem para “adivinhar” suas preferências, eles acabam indicando uma diversidade muito grande de filmes. Alguns são facilmente descartáveis, a maioria não empolga e alguns poucos atiçam a curiosidade. Mas há aqueles que nos põem diante de um dilema: a sinopse é de filme B, mas a embalagem insinua que pode haver algum cinema que se aproveite. Foi essa a minha dúvida quando dei de cara com A Viatura , filme de 2015 dirigido por Jon Watts. Motivado pela presença do ator Kevin Bacon, decidi correr o risco, mas segui temeroso de que assistiria apenas a cenas de ação desenfreada e violência gratuita. Para minha satisfação, não foi nada disso! O filme é bem realizado e traz uma história formatada para as telas com precisão, onde a narrativa visual fluente remonta à atmosfera de tensão

O Agente da U.N.C.L.E.: entretenimento com a ótima trilha sonora

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O Agente da U.N.C.L.E.: direção de Guy Ritchie ESPIONAGEM, AÇÃO E DIVERSÃO! O cinema tem essa capacidade impressionante de ir ligando os pontos da afetividade e no final revelar um desenho surpresa, formado feito constelação no firmamento da nossa imaginação. Quando terminei de assistir ao filme O Agente da U.N.C.L.E. , dirigido em 2015 por Guy Ritchie, o que visualizei foi um delicioso sorvete de casquinha, daqueles que costumava tomar nas tardes de verão, depois de sair de uma sala de cinema acompanhado dos meus irmãos e amigos. Representava a continuação da diversão! Entretenimento de alta qualidade, feito com entusiasmo e competência, esse filme foi direto para a lista dos que pretendo revisitar de quando em quando.           É claro que a primeira isca que mordi foi a sugerida pelo título. O Agente da U.N.C.L.E. era uma série de TV americana que costumava acompanhar com afinco quando criança. Foi ao ar de 1964 a 1968 e depois reprisada à exaustão nos anos 1970. Narrava as aventur

Independence Day: trazendo a fantasia para o mundo real

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Independence Day: direção de Roland Emmerich LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA, DURANTE O FERIADO AMERICANO Para quem vive na Região Sul, como é meu caso, o mês de julho tem as feições do inverno. As temperaturas baixas nos obrigam a tirar do guarda-roupa os casacos mais pesados e as bebidas quentes se tornam as mais apreciadas. Enquanto isso, lá no hemisfério norte, dá-se o oposto: o verão representa a cara das férias e da diversão. É quando a indústria do cinema aproveita para lançar seus filmes arrasa-quarteirão, na certeza de alcançar as maiores bilheterias. Naquele 2 de julho de 1996, a aposta vencedora foi Independence Day , dirigido por Roland Emmerich. Nunca a expressão arrasa-quarteirão – ou blockbuster, como preferem os anglófonos – foi tão bem empregada. Os trailers exibidos à exaustão, mostravam a Casa Branca sendo pulverizada por raios alienígenas e a cidade de Nova Iorque sendo reduzida a escombros, num realismo desconcertante. Durante semanas, não se falou de outra coisa.        

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