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Mostrando postagens com o rótulo Ficção Científica

Alien: o Oitavo Passageiro: mistura poderosa de terror com ficção científica

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Alien, o Oitavo Passageiro: direção de Ridley Scott CINEMA EM ESCALA INDUSTRIAL COM RELEVÂNCIA ARTÍSTICA Vamos voltar no tempo, até 1979. Às portas da década de 80 o mundo ainda era assombrado pela guerra fria. Nos cinemas, títulos como O Franco Atirador , O Expresso da Meia-Noite e Apocalypse Now disputavam espaço nas salas de cinema com O Show Deve Continuar , Kramer vs. Kramer e O Céu Pode Esperar . Filmes considerados relevantes eram aqueles sérios, contundentes, densos e repletos de conteúdo artístico e dramático. Já um filme que ousasse misturar ficção científica com terror, tinha poucas chances de ser discutido nas rodas de cinéfilos – pelo menos daqueles mais exigentes, que torciam o nariz para as produções comerciais e menosprezavam a função de entretenimento do cinema.           Acontece que Alien, o Oitavo Passageiro , dirigido por Ridley Scott, correu por fora e se impôs como novidade, criando um novo padrão para o cinema de entretenimento em escala industrial. Ganhou im

A Chegada: os aliens querem nos ensinar os significados da linguagem

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A Chegada: filme dirigido por Denis Villeneuve A REAL INTENÇÃO É EXPANDIR NOSSOS CONCEITOS DE LINGUAGEM Realizado em 2016 pelo diretor Denis Villeneuve, o filme A Chegada é denso, repleto de significados e exige atenção por parte do espectador. É uma obra estimulante, que vai além dos temas humanistas, para enveredar por questões quase... espirituais. Para explicar esse ponto, precisarei contar sobre as reuniões do  grupo de estudos sobre espiritismo,  que Ludy e eu frequentávamos semanalmente.  Na verdade, não sou espírita. Participava apenas com a intenção de provocar e polemizar. Lembro que numa das discussões entrei de sola, especulando sobre a linguagem:         – Ora, se os espíritos não possuem trato vocal, não podem se comunicar em nosso idioma. E se o fazem por pensamento, então não precisam estruturar o discurso de forma narrativa, com começo meio e fim! A língua deles deve ser uma doideira...         Minha mulher me deu um chute na canela, para avisar que estava me excede

Contatos Imediatos do Terceiro Grau: Spielberg seguiu a classificação dos ufólogos

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Contatos Imediatos do Terceiro Grau: filme dirigido por Steven Spielberg UM FILME QUE PERMANECE EM PERFEITO ESTADO DE FUNCIONAMENTO Há filmes que envelhecem com dignidade. O visual denuncia a data de nascimento, mas o conteúdo é de um frescor empolgante. Incluo nessa categoria  Contatos Imediatos do Terceiro Grau , realizado em 1977 por Steven Spielberg. Quem já assistiu ao filme, experimente lembrar das cenas iniciais – quem ainda não viu, pode conferi-las na cópia remasterizada lançada recentemente. São imagens que comprovam o imenso talento do diretor como contador de histórias: primeiro, vemos surgir de uma tempestade de areia no deserto de Sonora, uma esquadrilha inteira de caças da Segunda Guerra Mundial em perfeito estado de conservação, com seus pilotos que aparentam não ter envelhecido um único dia nos últimos 30 e poucos anos. Depois, vemos controladores de tráfego aéreo numa sala entulhada de equipamentos, desconcertados com o registro de um fenômeno não identificado que qua

A.I. Inteligência Artificial: com final idealizado por Stanley Kubrick

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A.I. - Inteligência Artificial: direção: Steven Spielberg SINERGIA DE DUAS INTELIGÊNCIAS CINEMATOGRÁFICAS Stanley Kubrick era um caçador de histórias. Quando encontrava uma que o surpreendia, apropriava-se dela com a voracidade de um felino compenetrado e não sossegava enquanto não conseguisse adaptá-la para as telas. Em 1969 ele leu um conto publicado na revista de moda Harper’s Bazaar, escrito por Brian Aldiss e intitulado Super-Toys Last All Summer Long . Pronto! Encontrou uma história pela qual valeria a pena mover montanhas para filmar. E moveu, mas não viveu para vê-lo concretizado.           O conto era sobre máquinas inteligentes convivendo com seres humanos solitários, num futuro sombrio onde apenas poucos recebem permissão para ter filhos. Monica Swinton e seu marido Henry vivem com o filho David, mas não conseguem ser plenamente felizes. Ela não consegue se relacionar com o garoto e tenta de tudo para desenvolver alguma afetividade por ele. Compra um brinquedo robô, Teddy, n

Os 12 Macacos: viagem no tempo e o significado de salvar a raça humana

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Os 12 Macacos: filme dirigido por: Terry Gillian FICÇÃO CIENTÍFICA COM A ENTONAÇÃO DE UM DIRETOR INOVADOR Em 1895, Albert Einstein contava apenas 16 anos e ainda estava longe de publicar suas teorias sobre a Relatividade. O grande público não fazia ideia sobre os conceitos de gravidade, espaço-tempo e outras bizarrices da física moderna, mas naquele ano deliciou-se com o romance de H.G. Wells intitulado A Máquina do Tempo . Foi o primeiro livro desse autor genial e também a primeira história contada sobre as viagens no tempo. Abriu a porteira! De lá para cá, passou uma boiada inteira de ótimas ideias envolvendo viajantes ao passado e ao futuro, fazendo a festa dos amantes da ficção científica. E quando pensávamos que o assunto já estava esgotado, vem o filme Os 12 Macacos , dirigido em 1995 por Terry Gilliam e recupera um brilho de criatividade para esse gênero.           Contada do ponto de vista de Terry Gillian, uma história sobre viagens no tempo vai além do que já se tornou clich

Perdido em Marte: um filme que leva a ciência a sério

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Perdido em Marte: filme dirigido por Ridley Scott CIÊNCIA DE VERDADE, MISTURADA COM AÇÃO, EMOÇÃO E AVENTURA Por intermédio do cinema, conseguimos viajar para lugares onde provavelmente jamais pisaremos. Mas alguns filmes conseguem nos levar mais longe: criam uma experiência tão verossímil, que tal viagem termina incorporada ao nosso repertório de vida. Trazemos dela memórias afetivas tão vívidas quanto aquelas que guardamos do último ponto turístico que visitamos nas férias. Quer um exemplo? As areias de Marte! Depois que assisti ao filme Perdido em Marte , realizado em 2015 por Ridley Scott, saí com a sensação de que verdadeiramente caminhei pelas paisagens avermelhadas daquele planeta. Senti os efeitos da baixa gravidade e da atmosfera rarefeita. Cheguei a pensar que, afinal de contas, Marte não é assim tão... inóspito!           Se estou empolgado, caro cinéfilo, não é por causa de alguma experiência sensorial imersiva durante a projeção – não assisti ao filme olhando para uma tela

A Origem: uma jornada pelo mundo dos sonhos

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A Origem: filme dirigido por Christopher Nolan PLANTANDO SEMENTES DE IDEIAS NO SOLO ONDE ELAS CRESCEM: O INCONSCIENTE Uma ideia original e um roteiro trabalhado à exaustão. Tratamento visual apurado e trilha sonora emocionante. Ação bem orquestrada e elenco carismático.... Com tantos atributos positivos, A Origem , realizado em 2010 por Christopher Nolan, já seria um grande filme. Mas então nos deparamos com um protagonista bem construído, revelado em sua profundidade psicológica e que descreve um arco dramático comovente. Isso eleva a qualidade do filme e o destaca dentro do gênero ficção científica. Não foi à toa que amealhou fãs de todas as faixas etárias.           A Origem consumiu um orçamento milionário, com o qual poucos realizadores conseguem... sonhar. Mas nesse caso, dinheiro não foi tudo! A habilidade de Christopher Nolan para contar com agilidade uma história tão intrincada, foi crucial. Aqui ele aborda um tema com densidade incomum para um filme de ação e nos leva a per

Blade Runner 2049: uma continuação à altura do original

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Blade Runner 2049: filme dirigido por Denis Villeneuve CINEMA EM SINTOMIA COM ESPECTADORES MAIS INDIVIDUALISTAS Em 1982, o cinema ainda possuía um forte caráter ritualista. Você precisava ir até ele. Sentar-se numa poltrona e viver uma experiência compartilhada – depois de ter enfrentado a fila do ingresso e a fila da pipoca. Para visitar os filmes, eles precisavam estar em cartaz. Para revisitá-los, sabia-se lá quando! Aquilo que tínhamos em casa, na sala de estar, era um arremedo de cinema, mais conhecido como... televisão. Alguns pouquíssimos privilegiados já plugavam nela o tal videocassete, mas o tamanho da telinha continuava irrisório. Cinema de verdade, só nas salas de exibição. Foi nesse ambiente coletivo que Blade Runner – O Caçador de Androides surgiu para se transformar em uma das mais consagradas e amadas produções de ficção científica de todos os tempos.           Em 2017, quando Blade Runner 2049 , a continuação dirigida por Denis Villeneuve foi lançada, já não era pr

Blade Runner – O Caçador de Androides: encontrando o sentido da existência

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Blade Runner: filme dirigido por Ridley FICÇÃO CIENTÍFICA E PUBLICIDADE MOLDANDO NOSSA VISÃO DO FUTURO Sempre gostei de ficção científica. Na infância li vários livros de Arthur C. Clark e Isaac Asimov. Adolescente, 15 anos, acabei no curso de eletrônica da então Escola Técnica Federal do Paraná – já que estava obrigado a me tornar um engenheiro, por imposição do meu pai, que fosse logo um engenheiro eletrônico! Parecia uma decisão muito mais... futurista! Depois que meu pai se foi, perdi também a vergonha de admitir que não levava o menor jeito para a engenharia. Abandonei o curso e fui para o mundo da publicidade, mas levei comigo o gosto pela ficção científica. Quando me sentei na poltrona da sala de exibição para assistir a Blade Runner - O Caçador de Androides , filme de 1982 dirigido por Ridley Scott, já estava cursando a faculdade de comunicação e sabia muito bem quem era aquele diretor: consagrado como um dos maiores diretores de comerciais do Reino Unido, era um publicitário

Eu Sou a Lenda: remake de a Última Esperança da Terra

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Eu Sou a Lenda: filme dirigido por Francis Lawrence RUAS DESERTAS, SILÊNCIO PERTURBADOR, O VENTO SOPRANDO... ACHO QUE JÁ VI ESSE FILME! Assim que surgiu a pandemia do Covid19, Ludy e eu nos trancafiamos no apartamento por duas semanas. O governo estadual impôs um confinamento draconiano, que julgamos excessivo. Porém, como não vimos necessidade de sair – consigo atender meus clientes a partir do home office e minha mulher está aposentada – preferimos ficar espiando o desenrolar dos acontecimentos pela televisão. No começo, ficamos preocupados com nossas mães já idosas, com nossa filha morando sozinha na cidade de São Paulo, com a necessidade de ir ao supermercado, com as aglomerações... Mas depois, como qualquer cinéfilo que se preza, relaxei e resolvi assistir aos filmes e séries na TV. Decidi me alienar!           Ah, o verbo alienar! Como ele é cruel quando usado para rotular os cinéfilos. Nos faz parecer fúteis, desligados do mundo,  hipnotizados por uma espécie de feitiço audiovis

Guerra Mundial Z: é "Z" de Zumbi mas tem muito "A" de ação!

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Guerra Mundial Z: filme dirigido por Marc Forster BASTAM DEZ SEGUNDOS PARA O VIRUS INFECTAR E POUCAS CENAS PARA CAPTURAR SUA ATENÇÃO Resolvi comentar aqui na Crônica de Cinema sobre o filme Guerra Mundial Z , uma produção americana de 2013 estrelada por Brad Pitt. – Ora, mas é um filme de zumbis! – reclamariam aqueles mais interessados em ler sobre produções autorais e edificantes. Confesso que relutei em assistir a esse filme. Zumbis sempre foram repugnantes e deveriam ficar restritos aos trash movies . Mas, depois que embarquei no enredo que ele descreve, adorei a experiência!           Em Guerra Mundial Z os zumbis são produto de um vírus desconhecido, que se alastra com rapidez assombrosa – em apenas dez segundos a vítima se transforma em um voraz transmissor da doença, cujo único propósito é disseminar o vírus. L ogo nas primeiras cenas, a  velocidade e o sentido de urgência assumem o comando. Somos conduzidos assim até o final, num ritmo impecável. Note

Transformers - O Filme: o primeiro da franquia

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Transformers: filme dirigido por Michael Bay OS FILMES DE AÇÃO ESTÃO NOS DEIXANDO DISTRAÍDOS Alice tem 4 anos. É o xodó da família e foi o centro das atenções em nosso último encontro festivo. Filha de nossa afilhada, desperta em Ludy, minha mulher, o ímpeto de tia-avó coruja. Quanto a mim, me divirto com suas tiradas engraçadas, que misturam ingenuidade com a lógica peculiar das crianças muito pequenas e adoráveis. A mais recente travessura que Alice aprontou foi na praia, enquanto fazia um castelo de areia com um amiguinho. Proibidos de se aproximar do mar, em dado momento decidiram inundar o fosso do castelo, mas precisavam de água. Como obtê-la? Ela foi logo traçando um plano:         – Vou distrair meu pai. Enquanto isso, você vai no mar e enche o balde de água. – Alice só se esqueceu de sussurrar no ouvido do amiguinho. Ingenuamente, tramou a conspiração em voz alta, bem ao lado do pai, que estava de vigia. Depois de tudo combinado, Alice virou-se para o pai, arregalou os olhos e

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