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A Esposa: filme que quase deu o Oscar a Glenn Close

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A Esposa: filme dirigido por Björn Runge UM DIRETOR COMPETENTE REGENDO ATORES QUE DIZEM MUITO APENAS COM O OLHAR Joe Castleman está indo a Estocolmo, receber o prêmio Nobel de Literatura, mas é um sujeito medíocre como marido, como pai e como... escritor! Joan Castlemam, sua mulher que o acompanha por toda a vida, é o verdadeiro gênio literário do casal. No filme A Esposa , de 2017, o diretor sueco Björn Runge arranca ótimas atuações de Glenn Close e Jonathan Pryce, para nos contar como eles construíram uma vida inteira de mentiras.           Baseado no romance The Wife , escrito por Meg Wolitzer, o filme narra o drama de Joan Castleman, uma mulher obediente e cumpridora do seu papel de apoiar o marido, mas que arde por dentro em ressentimento e frustração por ter se anulado ao longo de 40 anos de casamento. Joe Castleman, acostumado a estar no centro das atenções, está no auge da carreira e ocupado demais com o próprio ego, para perceber que a panela de pressão está prestes a explodir

O Dia do Atentado: história real do ataque à maratona de Boston

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O O Dia do Atentado: filme dirigido por Peter Berg O DRAMA REAL REGISTRADO PELA MÍDIA GANHA DIMENSÕES HUMANAS NO CINEMA As imagens das bombas caseiras explodindo durante a maratona de Boston, em 2013, chocaram o mundo. O ato insano fez vítimas inocentes e deixou uma história que precisava ser contada. O filme  O Dia do Atentado , dirigido em 2016 por Peter Berg, faz isso com agilidade e sem firulas. A equipe de roteiristas escavou os acontecimentos, resgatou os personagens reais e inventou alguns outros, dramatizando os fatos que o grande público só havia acompanhado em partes pela imprensa.           A parceria entre Peter Berg e Mark Wahlberg vem rendendo vários filmes de ação com sucesso de público. Aqui o diretor mostra que é especialista em contar histórias baseadas em fatos, mas sem exagerar na ação desenfreada. Já o ator convence nos papéis que desempenha.           Inicialmente, o filme  O Dia do Atentado nos apresenta personagens comuns, que normalmente não encontramos num t

The Post - A Guerra Secreta: bastidores do jornalismo americano

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The Post: filme dirigido por Steven Spielberg IMPRENSA E POLÍTICOS ENTRICHEIRADOS NA GUERRA PELA CONQUISTA DA OPINIÃO PÚBLICA  Estava navegando pelo serviço de streaming, quando me deparei com The Post – A Guerra Secreta , um filme de 2017 dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Meryl Streep e Tom Hanks. – É esse! – exclamei em voz alta. Estava precisando de um filme que atenuasse a saudade de cinema de qualidade.         – Com tantos nomes estrelados, acho que vale a pena conferir – disse Ludy, mostrando-se pouco animada com a temática do filme. Uma guerra entre jornais travada nos anos 70 pareceu a ela um tanto... sonolenta.         Minha mulher, porém, esqueceu-se de que à frente do filme estava um diretor experiente, com pleno domínio dos imensos recursos cinematográficos que tem ao seu dispor.  The Pos t – A Guerra Secreta  é ágil, denso e empolgante. Uma produção que, apesar de suas virtudes, não foi recebida com entusiasmo pela mídia. Passou despercebida! Fiquei curioso em

Sempre ao Seu Lado: laços emocionais apertados demais

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Sempre ao seu lado: filme dirigido por Lasse Hallström UMA BOA HISTÓRIA, CONTADA COM SIMPLICIDADE O diretor é sueco: Lasse Hallström. O roteirista é americano: Stephen P. Lindsey. E o filme, um remake de uma produção japonesa de 1987, intitulada Hachiko Monogatari e dirigida por Seijiro Koyama. Sempre ao Seu Lado , realizado em 2009, é estrelado por Richard Gere e conta a história real de Hachiko, um cachorro cuja fidelidade o leva a voltar diariamente a uma estação de trem, para receber o professor universitário que o adotou. E o adorável cão continua repetindo o gesto, dia após dia, mesmo após a morte do seu dono, na esperança de reencontrá-lo.           Trata-se de uma história singela – para termos uma sinopse completa, bastariam alguns poucos acréscimos ao que já foi dito – mas seu apelo emocional é poderoso: fala de fidelidade, laços de afetividade e toca com sutileza em assuntos espirituais. Essa história teve grande alcance popular no Japão, onde realmente aconteceu, entre as

Oscar 1976 - Uma das melhores safras de filmes

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Um Estranho no Ninho: o grande vencedor AS SALAS DE CINEMA DO MUNDO TODO FORAM TOMADAS POR FILMES INCRÍVEIS Em março de 1976 estava com 15 anos. Já gostava de cinema, mas não tinha acesso a filmes para maiores – um piá ainda sem espinhas na cara não conseguia entrar na sala de exibição, nem subornando o sujeito na bilheteria. Não havia cinemas de shopping – eram todos na rua. Aliás, acho que nem shopping-centers havia em Curitiba, cidade onde nasci e cresci. Só me restava ler o que encontrasse sobre cinema, mas sem poder assistir aos melhores filmes, era frustrante.       – Três anos passam voando – dizia meu pai, tentando me consolar.       – Ah, é? Pois no dia em que fizer dezoito, vou fazer uma via sacra por todos os cinemas da cidade!       – Hum, isso vai custar caro! Trate de economizar!       Meu pai fazia questão de lembrar que o dinheiro para “diversão” era contado. Cinema, da maneira como ele via, não passava de distração. Tentei despertar seu interesse, recitando a lista do

Um Lindo Dia na Vizinhança: uma história real, com abordagem psicológica

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Um Lindo Dia na Vizinhança: dirigido por Marielle Heller ENSINANDO CRIANÇAS A LIDAR COM AS EMOÇÕES Filmes nos colocam diante de experiências emocionais verdadeiras. Tenho batido nessa tecla em várias crônicas, porque acredito no poder que algumas histórias têm de  nos “ensinar pelo exemplo” . O filme  Um Lindo Dia na Vizinhança , dirigido em 2019 pela cineasta Marielle Heller, conta uma história das boas e traz um elenco estrelado. Poucos filmes me pegaram no contrapé afetivo e me deixaram de joelhos, em estado contemplativo. Era tarde da noite e estava sozinho diante da TV. Devo ter deixado escapar alguma lágrima, em algum momento.           No dia seguinte, convoquei minha mulher para assistir ao filme comigo – estava disposto a repetir a dose, dessa vez examinando os detalhes.  Ludy concordou, mas reuniu expectativas enormes, dada a minha empolgação. Fiquei receoso que ela se decepcionasse. Talvez o filme fosse eloquente apenas para mim, em meu momento de vida. À noite, dividimos o

Pulp Fiction: roteiro agarrado aos diálogos

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Pulp Fiction: filme dirigido por Quentin Tarantino O MUNDO DO CRIME APRESENTADO COM O REALISMO QUE SÓ EXISTE NO CINEMA O ano de 1995 foi pródigo para o cinema. Basta lembrar que entre os concorrentes ao Óscar de melhor filme estavam ForrestGump , Um Sonho de Liberdade e Pulp Fiction . Até hoje os torcedores colecionam motivos de sobra para enaltecer suas preferências e não tenho intenção de atravessar esse fogo triplamente cruzado. Tudo o que pretendo é chamar a atenção para o texto que recebeu a estatueta de melhor roteiro original, assinado por Quentin Tarantino e Roger Avary.          No começo dos anos 90 a dupla trabalhava numa locadora de vídeos em Los Angeles. Tarantino parecia estar no lugar certo: cercado de filmes por todos os lados, os quais devorava com gana. Pouco tempo depois o diretor estava à frente de um marco no cinema americano. Pulp Fiction se tornou o filme independente com maior bilheteria na época e influenciou várias produções e cineastas mundo afora. Mostr

A Vida de Brian: Monty Python mostra o lado bom da vida

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A Vida de Brian: filme dirigido por Terry Jones OS MARUJOS INGLESES PREFEREM OLHAR A VIDA SEMPRE PELO LADO BOM Só me dei conta da existência do grupo inglês Monty Python no começo dos anos 1980, quando entrei numa sala de cinema por acaso. Não fazia ideia do que encontraria pela frente. Comprei o ingresso porque gostei do cartaz e da possibilidade de assistir a uma comédia despretensiosa. Contei pouco mais de dez pessoas na plateia – lembro bem, era uma tarde de quarta-feira e tinha saído mais cedo do trabalho. Quando começou a projeção de Em Busca do Cálice Sagrado , minha vida se transformou. Jamais foi a mesma. Experimentei um choque de diversão! No final, continuei na poltrona e assisti ao filme de novo, na sessão seguinte.           Com o passar dos anos fui descobrindo que a trupe de humoristas ingleses também era culpada por programas de TV, músicas, livros, filmes… O humor anárquico, inteligente e sempre atual que produziram inspirou gente do mundo inteiro e fez escola, inclus

O Pianista: o drama de um artista empenhado em sobreviver

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O Pianista: filme dirigido por Roman Polanski UMA AUTOBIOGRAFIA CRUA E OBJETIVA VIROU UM FILME EMOCIONANTE Ok, admito: O Pianista é um dos meus filmes preferidos. Não tenho ascendência judia, nem guardo reminiscências familiares da Segunda Guerra Mundial. Minha atração pela obra é puramente... cinematográfica. Em comparação com produções mais elaboradas e vistosas, essa é até simples: a narrativa é linear, sem flashbacks ou ações paralelas. Tudo o que vemos nos chega pelos olhos do protagonista. É documental, mas dramatizado. É triste, mas edificante. Cada cena é construída para valorizar o personagem e sua história.         Na primeira vez que assisti ao filme  O Pianista , o fiz com o respeito e a reverência de quem está diante de uma obra-prima. Depois disso, a cada vez que me disponho a revê-lo, sei que não será a última. É uma produção de 2002, mas poderia ser de 2022 ou de 2042! Por ela, Roman Polanski ganhou o Oscar de melhor diretor, Adrien Brody o de melhor ator e Ronald H

Napoleão: projeto ambicioso de Stanley Kubrick, jamais realizado

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O cineasta Stanley Kubrick LAMENTAVELMENTE, NENHUM DE NÓS SERÁ CAPAZ DE ASSISTIR A ESSE FILME  Quem gosta de cinema tem o hábito de pesquisar sobre os filmes, colecionando informações de bastidores, curiosidades e detalhes que ajudem a formar opinião. O motivo é simples: precisamos saber o que nos faz amar ou odiar uma produção e reunir argumentos para defender nossos pontos de vista, porque cinema e polêmica são feitos praticamente da mesma matéria!         Passo menos tempo pesquisando do que gost aria, afinal, além de manter a Crônica de Cinema, tenho que atender os clientes que demandam meus serviços de criação e redação publicitária e pagam meus boletos no final do mês. Mas quando sobra tempo, fico garimpando a internet na busca de preciosidades. Atualmente, um dos meus temas preferidos – praticamente um objeto de estudo – é Stanley Kubrick. Já assisti a praticamente todos os seus filmes.         Há, porém, um filme desse diretor que gostaria muito de assistir, mas nunca poder

Fahrenheit 451: autoritarismo buscando o controle da informação

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Fharenheit 451: filme dirigido por François Truffaut UMA OBRA DISTÓPICA NA FILMOGRAFIA DE TRUFFAUT Vejam só, houve época em que Fahrenheit 451 , filme de 1966 dirigido por François Truffaut, era exibido na televisão. Não falo da TV por Assinatura, hoje reforçada pelos serviços de streaming. Refiro-me à velha TV aberta dos anos 70, que reservava os horários noturnos para produções menos populares. O enredo me perturbou: num mundo futurista, onde a realidade era invertida, bombeiros incendiários queimavam livros ao invés de combater o fogo, enquanto as pessoas perdiam tempo hipnotizadas diante da TV – o mesmo aparelho por meio do qual eu estava assistindo a Fahrenheit 451 . Lembro de ter pensado:           –  Isso é bobagem! O livro jamais vai desaparecer. Como poderia ser substituído pela televisão, um meio tão... desprovido de profundidade!           Mas a tela de TV à qual Ray Bradbury se referia em seu romance publicado em 1953 guardava poucas semelhanças com as telas de computadores

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