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Mostrando postagens com o rótulo Suspense

O Iluminado: um dos melhores filmes de terror já realizados

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O Iluminado: filme dirigido por Stanley Kubrick UMA HISTÓRIA ESCRITA POR STEPHEN KING, BURILADA POR STANLEY KUBRICK E REESCRITA NO IMAGINÁRIO DOS CINÉFILOS – Quando você vai escrever sobre O Iluminado ?           Desde que inventei a Crônica de Cinema, já ouvi essa pergunta inúmeras vezes. Mas a quantidade assustadora de informações disponíveis na internet sobre esse filme sempre me inibiu. Que comentários poderia fazer que os cinéfilos já não soubessem de cor e salteado? O Iluminado , realizado em 1980 por Stanley Kubrick é um dos melhores e mais elaborados filmes de terror de todos os tempos. Sobre ele há documentários, entrevistas, cenas de bastidores, fotografias, curiosidades, fofocas... Há inclusive uma complexa teia de especulações sobre a obsessão do diretor com a simetria do seu filme, expressa nos números ocultos em diversas cenas, como se fossem os easter eggs de um videogame.           Para começar a falar sobre o filme  O Iluminado , preciso deixar claro que Stanley Kubric

O Sexto Sentido: atmosfera de suspense sobrenatural

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O Sexto Sentido: filme dirigido por M. Night Shyamalan NO COMEÇO, VEMOS SÓ O QUE SHYAMALAN QUER MOSTRAR Sucesso! Talvez seja essa a melhor palavra para se referir ao filme O Sexto Sentido , realizado em 1999 pelo diretor M. Night Shyamalan. A comoção causada à época do seu lançamento foi enorme. Lembro que as pessoas saiam do cinema ávidas por comentar sobre o ponto de virada no final da história, mas precisavam se conter. Não podiam estragar a surpresa dos que ainda não a conheciam – naqueles tempos a palavra spoiler não fazia parte do nosso vocabulário. Nos bares e restaurantes as mesas eram divididas entre os que já haviam visto o filme e os que estavam ansiosos para ver.           De fato, a revelação no final do filme nos chegava como o acento agudo que é por fim acrescentado a uma palavra, alterando completamente seu significado. A leitura que fazíamos estava errada o tempo todo e o único que sabia disso era... o roteirista! Estranhamente, as pessoas não se sentiam enganadas. Fas

Operação Overlord: imaginação passando por cima dos fatos

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Operação Overlord: direção de Julius Avery ENTRETENIMENTO DESPREOCUPADO COM A PRECISÃO HISTÓRICA Muito bem, estamos falando de um filme sobre zumbis nazistas, repleto de sangue e violência, com cenas escabrosas de horror. Mas essa é apenas uma forma de definir Operação Overlord , filme de 2018 dirigido por Julius Avery. Aqueles que não apreciam o gênero, ou são sensíveis ao tema, vão riscá-lo de imediato da sua lista de filmes para conferir. Mas deixe-me colocar as coisas de outra forma, para animar quem está à procura de bons momentos de entretenimento: o filme nos traz uma ótima história, muito bem contada!           Basta lembrar que Operação Overlord é produzido por J.J. Abrams, um dos grandes nomes do cinema comercial. Depois de surgir com a ideia inicial, ele colocou a escrita do roteiro nas mãos do experiente Billy Ray – que já escreveu O Caso de Richard Jewell , Capitão Phillip e A Guerra de Hart . Para completar, o roteiro ainda foi burilado por Mark L. Smith –

Fratura: suspense com roteiro trincado

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Fratura: filme dirigido por Brad Anderson UM ROTEIRO MAIS PREOCUPADO EM MANIPULAR O ESPECTADOR O tema desse filme é a insanidade. O protagonista será confrontado com ela, cena após cena, e consumirá todas as energias tentando mostrar a todos que não é louco. Mas o grande problema da loucura é justamente descobrir-se tomado por ela, durante um lampejo de consciência! Reconhecer-se louco ao observar a sanidade acenando da estação, enquanto o trem da sua existência parte acelerando. É esse o momento crucial que esperamos ver no final de Fratura , filme de 2019 dirigido por Brad Anderson, mas seu protagonista não vive tal experiência. Perde-se no meio do caminho.           A premissa do filme é ótima: durante uma viagem de carro com a esposa e a filha, Ray faz uma parada. A garotinha sofre uma queda e quebra o braço. No hospital mais próximo, mãe e filha seguem para a sala de exames enquanto Ray espera na recepção. Adormece e quando acorda, não há sinal delas. Médicos e atendentes tentam c

O Homem nas Trevas: suspense e terror num filme autoral

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O Homem nas Trevas: Fede Alvarez TENSÃO E SUSPENSE QUE NASCEM DO PLENO DOMÍNIO DAS TÉCNICAS NARRATIVAS Numa Detroit falida e vazia, três jovens assaltantes descobrem uma barbada: invadir a casa de um velho cego, que tem muito dinheiro guardado. O que eles não sabem é que ele também guarda segredos e é dono de uma fúria insana. Em O Homem nas Trevas , filme de 2016 escrito e dirigido por Fede Alvarez − o jovem prodígio uruguaio descoberto por Hollywood − a tensão crescente é de grudar na poltrona. Nessa história onde todos são bandidos, quase não dá tempo para respirar.           O Homem nas Trevas  conta como Rocky (Jane Levy), Alex (Dylan Minnette) e Money (Daniel Zovatto) descobriram um jeito de assaltar casas numa Detroit esvaziada pela crise econômica: vasculham o cadastro da empresa de segurança do pai de Alex e escolhem as melhores oportunidades para agir. Quando os três delinquentes ficam sabendo que o velho Norman Nordstrom (Stephen Lang), um ex-combatente cego que vive sozinho

O Silêncio dos Inocentes: um psiquiatra culto, refinado, sedutor e... canibal

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O Silêncio dos Inocentes: filme dirigido por Jonathan Demme UM DOS FILMES MAIS EMBLEMÁTICOS DOS ANOS 1990 Nos grandes filmes, as forças narrativas devem estar equilibradas: metade áudio, metade visual. O cineasta precisa ter refinamento artístico e domínio da expressão gráfica, para capturar os planos certos, posicionar a câmera na distância necessária e lidar com a luz  – ou a ausência dela. Porém, se esquecer do universo sonoro, jamais conseguirá criar a atmosfera adequada para conduzir as emoções do espectador. Em Hollywood, um dos cineastas que reunia qualificações nas duas áreas era Jonathan Demme – além de comédias dramáticas ele filmou vários espetáculos musicais. Seu filme de 1991, O Silêncio dos Inocentes , acabou se tornando um dos mais emblemáticos daquela década.           Quando se fala em O Silêncio dos Inocentes , o primeiro nome que vem à mente é Hannibal Lecter, mas o de Clarice Starling tem que ser pronunciado imediatamente na sequência. Thomas Harris criou ambos os p

Se7en - Os Sete Crimes Capitais: um filme forte com final surpreendente

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Seven- Os Sete Crimes Capitais: filme de David Fincher UM THRILLER ONDE AS VÍTIMAS SÃO PECADORES E OS POLICIAIS, ATORMENTADOS Quando um velho à beira da aposentadoria reclama da decadência moral que se abateu sobre a sociedade, os mais jovens tendem a pensar que se trata apenas disso mesmo: da velhice que se abraça com a rabugice, para implicar com os novos comportamentos que a modernidade vai moldando. O erro de quem acusa é a generalização – a decadência moral é real, mas desde sempre acontece em nichos. O erro dos que se defendem é o desdém – abrem mão de certas regras de conduta para tolerar um novo comportamento, só porque ele é... novo.           Agora, quando um jovem reclama da decadência moral, aí já é outra história! O jovem a quem me refiro é Andrew Kevin Walker, o roteirista que escreveu Se7en: Os Sete Crimes Capitais , filme de 1995 dirigido por David Fincher. Trata-se de um dos melhores thrillers policiais dos anos 90, que chegou aos cinemas trazendo um clima de mistério

Uma Mente Brilhante: um gênio às voltas com a esquizofrenia

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Uma Mente Brilhante: filme de Ron Howard UMA HISTÓRIA VERDADEIRA, MAS CARREGADA NAS TINTAS Alunos e professores da prestigiada Universidade de Princeton contam que havia, vagando pelos corredores do prédio de matemática, um fantasma que calçava tênis roxo e rabiscava equações por todos os cantos. Era John Forbes Nash, vivendo seus dias mais sombrios. Lidava com a doença mental que o atormentou durante toda a existência, a esquizofrenia paranoica. Mesmo assim jamais deixou de ser o gênio que verdadeiramente era.           Recebeu o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas em 1994 – compartilhado com Reinhard Selten e John Harsanyi – por causa das suas descobertas relacionadas aos equilíbrios não-cooperativos, que passaram a ser conhecidas como a teoria do Equilíbrio de Nash. Ele percebeu que em jogos como xadrez e dama, onde todas as variáveis são conhecidas, o resultado é determinado antes mesmo dos jogadores fazerem qualquer movimento, pois existe uma estratégia mais racional, que leva a u

A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça: fantasia, horror e compromisso com o belo

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A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça: dirigido por Tim Burton TERROR CLÁSSICO E MODERNO NUMA MISTURA EQUILIBRADA   Histórias de fantasia e suspense, quando contadas por um diretor que domina a linguagem visual e é dono de uma estética original, preenchem a tela com cenas inusitadas, surpreendentes e marcantes. A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça , de 1999, é um dos filmes mais bonitos de Tim Burton – sem deixar de ser bastante assustador! É um filme de terror e suspense onde o que mais salta aos olhos é a sensibilidade artística com a qual foi realizado.           Estamos diante de uma obra claramente inspirada nos clássicos filmes realizados pela produtora inglesa Hammer Films, que se especializou em produções góticas de terror e fantasia. Por meio delas, personagens memoráveis, como o Barão Victor Frankenstein, Conde Drácula e a Múmia, ganharam vida para além da literatura e ressuscitaram nas salas de cinema dos anos 50, 60 e 70, fazendo a festa dos cinéfilos apreciadores do gênero. É verdade

Fragmentado: atmosfera perturbadora dos grandes thrillers psicológicos

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Fragmentado: filme dirigido por M. Night Shyamalan SHYAMALAN ESCALOU UM ATOR QUE VALE POR UMA MULTIDÃO Em termos comerciais, os filmes de M. Night Shyamalan funcionam muito bem. Muitos espectadores não se importam de ser ludibriados, apenas para que no final levem um susto ou sejam surpreendidos pelo inusitado. Mas em Fragmentado , seu filme de 2016, o diretor não se vale de truques sujos para alimentar um suspense intenso e perturbador. Seu trunfo é James McAvoy, que sabe conversar com a câmera e se fazer convincente. Esse triller psicológico é, portanto, um impressionante trabalho de ator!         Fragmentado conta a história de Kevin Wendell Crumb (James McAvoy), um sujeito habitado por 23 personalidades, tratado pela Dra. Karen Fletcher (Betty Buckley) como um curioso caso clínico. Ocorre que uma dessas personalidades sequestra três garotas adolescentes e as coloca em um cativeiro subterrâneo e impenetrável. Elas lutam para escapar, mas nunca sabem com quem estão lidando. A narrat

Bird Box: entidades sobrenaturais monstruosas criam o apocalipse

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Bird Box: filme dirigido por Susane Bier ABRIRAM A CAIXA DE CLICHÊS! A dinamarquesa Susanne Bier ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010, com o filme Em um Mundo Melhor . Infelizmente, tal façanha não fez diferença alguma quando ela dirigiu Bird Box , de 2018, estrelado por Sandra Bullock. Nesse thriller pós-apocalíptico, com uma protagonista feminina às voltas com criaturas misteriosas e mortais – que o público coloca, por comparação, na mesma prateleira de Um Lugar Silencioso – há doses generosas de suspense e tensão. Mas se a ideia inicial é boa, o roteiro de Eric Heisserer não conseguiu evitar os clichês do gênero. Faltou originalidade. Antes de começar a descer a lenha, vamos examinar a sinopse:           A protagonista de Bird Box é Malorie (Sandra Bullock), uma mulher grávida, em plena maturidade, que não está preparada para ser mãe. De repente, seus temores em relação à maternidade se apequenam diante de uma estranha catástrofe que se abate sobre o mundo, feito apo

Ilha do Medo: revisitar esse filme pode ser ainda melhor!

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Ilha do medo: filme dirigido por Martin Scorsese AQUI, A MATÉRIA-PRIMA É SURPRESA Um bom escritor não usa truques sujos para distrair o leitor. Não omite informações para criar suspense, nem espalha pistas falsas para pegá-lo de surpresa, em alguma virada de página lá pelo segundo terço do livro. Ao invés disso, um autor competente prefere levar o leitor a descobrir a verdade junto com o personagem. Procura colocar o leitor no exato ponto de vista do protagonista, para que montem juntos o quebra-cabeça da trama e descubram a verdade. Sintam o seu impacto. Dividam as emoções. Esse é o talento de Dennis Lehane, que assina o romance Ilha do Medo , adaptado para o cinema em 2010 por Martin Scorsese.           Lehane é um escritor muito bem aproveitado pela indústria do cinema. Em 2003 já teve seu romance Sobre Meninos e Lobos filmado por Clint Eastwood e depois, em 2007, foi a vez de seu romance Medo da Verdade ser adaptado por Bem Affleck. Agora, com esse thriller psicológico sombrio e

O Farol: o segredo está no apuro técnico e artístico

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O Farol: filme dirigido por Robert Eggers TEATRAL, CINEMATOGRÁFICO, GRÁFICO E REPLETO DE ATRIBUTOS ARTÍSTICOS           – É um filme de suspense. Acho até que é de terror, porque o diretor fez sucesso com seu primeiro filme, chamado A Bruxa .           – Ah, filme de terror? Sei não...  –  Minha mulher torceu o nariz, o que me obrigou a explicar melhor:            – É com aquele ator que fez o vampiro da saga Crepúsculo . E tem o Willen Dafoe. Acho que vale a pena arriscar!           Ludy concordou, desde que me dispusesse a preparar um balde de pipoca. Em pouco tempo estávamos acomodados diante da TV, enrolados num cobertor – em Curitiba fazia frio naquela noite. Apertei o play e senti o primeiro impacto: O Farol é todo realizado em branco e preto, com a tela num formato quadrado. Logo nas primeiras cenas o diretor deixa clara sua intenção de emular as produções que marcaram o expressionismo alemão. E conseguiu!           A história que Robert Eggers

Psicose: o maior sucesso de Alfred Hitchcock

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Psicose: filme dirigido por Alfred Hitchcock O PRIMEIRO FILME DE TERROR MODERNO Meus pais assistiram ao filme Psicose no cinema. Vivenciaram o retumbante impacto que ele provocou na época do seu lançamento e se arrepiaram com a história forte e chocante que trazia. Alfred Hitchcock o realizou em 1960, o mesmo ano em que nasci, portanto, só tive a oportunidade de conferir o filme muitos anos depois, quando me deparei com ele na sessão de clássicos da locadora. É óbvio que no meu videocassete a história não pareceu assim tão forte, nem chocante!           Mas nenhum cinéfilo que se preze passa incólume por Psicose . O título marcou gerações e mudou a história do cinema, dentro e fora das salas de exibição, na frente e por trás das câmeras. Para as novas gerações, o filme talvez não passe de uma mera curiosidade, mas os que se dispuserem a fazer uma visita guiada, podem se surpreender. Para começo de conversa, vamos a uma rápida sinopse.           Marion Crane, interpretada por Janet Lei

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