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The Post - A Guerra Secreta: bastidores do jornalismo americano

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The Post: filme dirigido por Steven Spielberg IMPRENSA E POLÍTICOS ENTRICHEIRADOS NA GUERRA PELA CONQUISTA DA OPINIÃO PÚBLICA  Estava navegando pelo serviço de streaming, quando me deparei com The Post – A Guerra Secreta , um filme de 2017 dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Meryl Streep e Tom Hanks. – É esse! – exclamei em voz alta. Estava precisando de um filme que atenuasse a saudade de cinema de qualidade.         – Com tantos nomes estrelados, acho que vale a pena conferir – disse Ludy, mostrando-se pouco animada com a temática do filme. Uma guerra entre jornais travada nos anos 70 pareceu a ela um tanto... sonolenta.         Minha mulher, porém, esqueceu-se de que à frente do filme estava um diretor experiente, com pleno domínio dos imensos recursos cinematográficos que tem ao seu dispor.  The Pos t – A Guerra Secreta  é ágil, denso e empolgante. Uma produção que, apesar de suas virtudes, não foi recebida com entusiasmo pela mídia. Passou despercebida! Fiquei curioso em

Sempre ao Seu Lado: laços emocionais apertados demais

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Sempre ao seu lado: filme dirigido por Lasse Hallström UMA BOA HISTÓRIA, CONTADA COM SIMPLICIDADE O diretor é sueco: Lasse Hallström. O roteirista é americano: Stephen P. Lindsey. E o filme, um remake de uma produção japonesa de 1987, intitulada Hachiko Monogatari e dirigida por Seijiro Koyama. Sempre ao Seu Lado , realizado em 2009, é estrelado por Richard Gere e conta a história real de Hachiko, um cachorro cuja fidelidade o leva a voltar diariamente a uma estação de trem, para receber o professor universitário que o adotou. E o adorável cão continua repetindo o gesto, dia após dia, mesmo após a morte do seu dono, na esperança de reencontrá-lo.           Trata-se de uma história singela – para termos uma sinopse completa, bastariam alguns poucos acréscimos ao que já foi dito – mas seu apelo emocional é poderoso: fala de fidelidade, laços de afetividade e toca com sutileza em assuntos espirituais. Essa história teve grande alcance popular no Japão, onde realmente aconteceu, entre as

Um Lindo Dia na Vizinhança: uma história real, com abordagem psicológica

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Um Lindo Dia na Vizinhança: dirigido por Marielle Heller ENSINANDO CRIANÇAS A LIDAR COM AS EMOÇÕES Filmes nos colocam diante de experiências emocionais verdadeiras. Tenho batido nessa tecla em várias crônicas, porque acredito no poder que algumas histórias têm de  nos “ensinar pelo exemplo” . O filme  Um Lindo Dia na Vizinhança , dirigido em 2019 pela cineasta Marielle Heller, conta uma história das boas e traz um elenco estrelado. Poucos filmes me pegaram no contrapé afetivo e me deixaram de joelhos, em estado contemplativo. Era tarde da noite e estava sozinho diante da TV. Devo ter deixado escapar alguma lágrima, em algum momento.           No dia seguinte, convoquei minha mulher para assistir ao filme comigo – estava disposto a repetir a dose, dessa vez examinando os detalhes.  Ludy concordou, mas reuniu expectativas enormes, dada a minha empolgação. Fiquei receoso que ela se decepcionasse. Talvez o filme fosse eloquente apenas para mim, em meu momento de vida. À noite, dividimos o

O Pianista: o drama de um artista empenhado em sobreviver

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O Pianista: filme dirigido por Roman Polanski UMA AUTOBIOGRAFIA CRUA E OBJETIVA VIROU UM FILME EMOCIONANTE Ok, admito: O Pianista é um dos meus filmes preferidos. Não tenho ascendência judia, nem guardo reminiscências familiares da Segunda Guerra Mundial. Minha atração pela obra é puramente... cinematográfica. Em comparação com produções mais elaboradas e vistosas, essa é até simples: a narrativa é linear, sem flashbacks ou ações paralelas. Tudo o que vemos nos chega pelos olhos do protagonista. É documental, mas dramatizado. É triste, mas edificante. Cada cena é construída para valorizar o personagem e sua história.         Na primeira vez que assisti ao filme  O Pianista , o fiz com o respeito e a reverência de quem está diante de uma obra-prima. Depois disso, a cada vez que me disponho a revê-lo, sei que não será a última. É uma produção de 2002, mas poderia ser de 2022 ou de 2042! Por ela, Roman Polanski ganhou o Oscar de melhor diretor, Adrien Brody o de melhor ator e Ronald H

A Teoria de Tudo: uma cinebiografia de Stephen Hawking

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A Teoria de Tudo: filme dirigido por James Marsh NO UNIVERSO DO CINEMA, A ORIGEM DE TUDO ESTÁ NUM ROTEIRO BEM COSTURADO           De todos os candidatos a popstar, o mais improvável seria um físico acadêmico, condenado à cadeira de rodas pela esclerose lateral amiotrófica. Mas Stephen Hawking venceu todas as barreiras, como nos conta A Teoria de Tudo , filme de 2014 dirigido por James Marsh. Inspirado no livro de memórias de Jane Hawking, Travelling to Infinity: My Life with Stephen , o filme começou a nascer na mente do roteirista Anthony McCarten e ganhou corpo na medida em que foi recebendo o engajamento de gente muito talentosa.           A Teoria de Tudo é uma cinebiografia do físico que ocupou a cadeira de Isaac Newton na Universidade de Cambridge e foi responsável por descobertas a respeito dos buracos negros. Somos apresentados a ele já nos tempos de estudante e vamos acompanhando sua trajetória acadêmica. Testemunhamos sua história de amor com Jane e o progressivo flagelo da

Capitão Phillips: um drama real de tirar o fôlego

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Capitão Phillips: filme dirigido por Paul Greeengrass UMA HISTÓRIA REAL, CARREGADA DE DRAMATIZAÇÕES Dois homens em conflito, agarrados a valores opostos e munidos com aparatos culturais desiguais, levam seus atos às últimas consequências. É o que acompanhamos no filme Capitão Phillips , de 2013, onde a câmera nervosa do diretor Paul Greengrass aponta sempre na direção da ação e do suspense, criando tensão em ritmo ágil. É de tirar o fôlego!           O filme conta a história real passada em 2009, quando o cargueiro comandado pelo protagonista, o Maersk Alabama, é invadido por piratas ao passar pela costa da Somália. Quatro bandidos somalis, franzinos e fortemente armados, liderados pelo assustadoramente cínico Muse, tentam render a tripulação. O capitão Phillips se desdobra para evitar mortes, mas esbarra na tenacidade e determinação de Muse, disposto a tudo para conseguir dinheiro.           O roteiro do experiente Billy Ray foi adaptado do livro de memórias de Richard Phillips, escri

Nunca Deixe de Lembrar: encontrando na arte o significado da vida

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Nunca Deixe de Lembrar: dirigido por Florian Henckel von Bonnersmarck PARA QUEM GOSTA DE OUVIR SOBRE ARTE E ARTISTAS – O que você quer ser quando crescer? – Na infância, todos ouvimos essa pergunta impertinente e cruel. Quem a faz quase nunca tem interesse real na resposta, quer apenas instigar. Colocar a criança no seu devido patamar de baixa maturidade. Jogar lá para o futuro a possibilidade de ter alguma relevância. Incutir nela a noção de que precisará ser algo diferente do que já é.         No filme Nunca Deixe de Lembrar , de 2018, escrito e dirigido pelo alemão Florian Henckel von Donnersmarck, essa pergunta não é pronunciada, mas é como se o protagonista tentasse respondê-la o tempo todo. O diretor costurou sua história inspirado na vida do conceituado artista plástico Gerhard Richter, que nasceu na Alemanha nazista, cresceu na Alemanha Oriental e fugiu do comunismo para fazer sucesso no ocidente. Para tanto, Von Donnersmarck criou o personagem Kurt Barnert e o dotou com igu

Uma Mente Brilhante: um gênio às voltas com a esquizofrenia

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Uma Mente Brilhante: filme de Ron Howard UMA HISTÓRIA VERDADEIRA, MAS CARREGADA NAS TINTAS Alunos e professores da prestigiada Universidade de Princeton contam que havia, vagando pelos corredores do prédio de matemática, um fantasma que calçava tênis roxo e rabiscava equações por todos os cantos. Era John Forbes Nash, vivendo seus dias mais sombrios. Lidava com a doença mental que o atormentou durante toda a existência, a esquizofrenia paranoica. Mesmo assim jamais deixou de ser o gênio que verdadeiramente era.           Recebeu o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas em 1994 – compartilhado com Reinhard Selten e John Harsanyi – por causa das suas descobertas relacionadas aos equilíbrios não-cooperativos, que passaram a ser conhecidas como a teoria do Equilíbrio de Nash. Ele percebeu que em jogos como xadrez e dama, onde todas as variáveis são conhecidas, o resultado é determinado antes mesmo dos jogadores fazerem qualquer movimento, pois existe uma estratégia mais racional, que leva a u

Ford vs Ferrari: nessa corrida quem vence é o espectador

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Ford vs Ferrari: filme dirigido por James Mangold UM DESIGNER VISIONÁRIO E UM MECÂNICO TALENTOSO LEVAM ESSE FILME AO PÓDIO Paixão por automóveis é inclinação que trazemos de menino. Peço perdão às meninas por começar o texto nesse tom machista, mas é assim mesmo que o tema é tratado em Ford vs Ferrari , filme que se passa nos anos 60, numa época em que as mulheres não encontravam lugar nas oficinas. Empolgado, preparei o balde de pipoca e me acomodei no sofá da sala, esperando pelas tradicionais cenas de carros em alta velocidade com seus motores roncando. Ludy foi logo anunciando:         – Se ficar muito chato, vou pro quarto ler meu livro.         Minha mulher não arredou do sofá. Ficou concentrada na tela por duas horas e meia, acompanhando a guerra entre as duas marcas que dão título ao filme. Um filme surpreendente, diga-se de passagem! Primeiro, porque mostra Henry Ford II, Enzo Ferrari, Lee Iacoca e Carroll Shelby, nomes lendários da indústria automobilística, circulando co

A Pé Ele Não Vai Longe

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SEM VITIMAR SEU PERSONAGEM, ESSE FILME TEM MUITO DO ESPÍRITO BEATNIK A Pé Ele Não Vai Longe: filme dirigido por Gus Van Sant De novo, Gus Van Sant está às voltas com personagens desajustados! Em A Pé ele Não Vai Longe, de 2018, conta a história de John Callahan, que ficou tetraplégico aos 21 anos depois de um acidente causado pela bebedeira e virou um cartunista famoso nos Estados Unidos, ácido, irreverente e controverso. Encontrar a vocação, vencer o alcoolismo, vencer os demônios internos... Sua trajetória de superação é edificante. Joaquim Phoenix dá um show de atuação! ------------------------------ Joaquim Phoenix encara a câmera, mostrando que seu personagem jamais sente pena de si mesmo. Sente raiva, culpa, medo... E um sem número de emoções que vão se desenhando ao longo do filme. Por meio do seu roteiro bem costurado, Gus Van Sant soube conter os impulsos transgressores e nos conta uma história edificante – que não deixa de ser incômoda, afinal, o personagem não veio ao mundo

Green Book: O Guia: viajantes discriminados pela cor da pele

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Green Book: O Guia: filme dirigido por Peter Farrelly UM FILME SOBRE O RACISMO QUE EMBAÇA A VISÃO DE ALGUNS Muitos consideram o racismo um tema delicado, dada sua elevada octanagem quando misturado a componentes ideológicos. Não vejo assim. Na verdade, a questão é simples: raça e cor da pele não são determinantes dos fatores mentais, morais e espirituais que definem o ser humano. Caráter, talento, inteligência, dignidade, honra... Quem enxerga correlação entre esses valores e as características raciais de um indivíduo o faz por puro preconceito. O faz por algum tipo de conveniência. E ponto final.           Em Green Book: O Guia , filme de 2018 dirigido por Peter Farrelly, esse é apenas o ponto de partida. É de racismo que ele nos fala o tempo todo, mas não de forma panfletária. Faz isso usando o que o cinema tem de melhor: põe diante dos nossos olhos personagens verdadeiros e os deixa interagir em profundidade a partir de suas próprias atitudes e decisões. Dramatiza acontecimentos qu

Estrelas Além do Tempo: elas tiveram papel importante nas conquistas da NASA

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Estrelas Além do Tempo: filme dirigido por Theodore Melfi PARA CONQUISTAR O ESPAÇO FOI PRECISO VENCER AS BARREIRAS DA INTOLERÂNCIA Ser um garotinho durante os anos áureos da corrida espacial foi divertido. Meu imaginário estava repleto de heróis autênticos, de carne e osso. Ao invés dos capitães Kirks e dos Senhores Spocks, confinados na telinha em branco e preto na sala de estar, os astronautas da NASA habitavam os jornais, as revistas e os noticiários – que era onde a realidade dava de lavada na ficção científica! Armstrong, Aldrin, Collins... Além de conhecer a vida dos personagens, sabia tudo sobre o enredo: foguete em três estágios, módulo de comando, módulo de pouso, dificuldades do acoplamento, ponto cego durante as órbitas na Lua... Tudo envolto numa atmosfera de vitória e superação. A história da conquista da Lua podia ser vivida em tempo real, como uma epopeia repleta de atos de coragem. Material mais do que suficiente para render muitos e muitos filmes empolgantes.          

Todo o Dinheiro do Mundo: a história real do homem mais rico do mundo

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Todo o Dinheiro do Mundo: filme dirigido por Ridley Scott A MÍDIA TRABALHA COM FATOS, MAS O CINEMA É TERRITÓRIO PARA O DRAMA! Certa vez li uma entrevista com um grande diretor – não lembro qual – onde perguntaram sobre em que pé estava seu próximo filme. – Está pronto – respondeu, para depois emendar: – Agora só falta filmar! Ao ler essa frase de efeito, compreendi que os filmes são construções mentais, que nascem, crescem, amadurecem e despontam para a vida nas cabeças dos seus realizadores. E por tabela, descobri também porquê os cineastas são chamados de realizadores – incluindo na categoria os produtores, que viabilizam os filmes! Lembrei-me dessa história quando parti para pesquisar sobre Todo o Dinheiro do Mundo , produção de 2017 dirigida por Ridley Scott. O diretor é um realizador irrequieto, que salta de projeto em projeto com grande avidez, para felicidade dos cinéfilos de plantão. Porém, ao contrário do que faz na maioria dos seus filmes, nesse ele não se envolveu durante

Jadotville: a história real do ataque à tropa de paz da ONU

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Jadotville: fime com roteiro de Kevin Brodbin OS MOCINHOS SÃO DA TROPA DE PAZ, MUNIDOS DE MUITA CORAGEM A história da humanidade é a história das nossas guerras, geralmente narrada pelo lado vencedor. Basta abrir um livro didático do ensino médio e constatar que ele estará organizado de acordo com a expansão dos impérios, conquistas de territórios, revoluções, lutas por independência... As guerras estruturam a história que aprendemos nos bancos escolares, mas também são fontes inesgotáveis de... boas histórias!  Me refiro ao s dramas pessoais vividos durante as guerras, que sempre forneceram conteúdo para a literatura e depois para o cinema, onde o gênero se desdobrou em subgêneros, englobando desde os filmes que se detém especificamente nos combates, até aqueles onde a guerra vira apenas pano de fundo. Encontramos produções grandiosas e elaboradas, mas também tropeçamos em filmes B, onde o que manda é a ação, pura e simples.          O filme  Jadotville , dirigido em 2016 por Richi

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